Joaquin Phoenix em Coringa (2019) (Foto: reprodução)
Considerado um dos principais filmes da temporada após arrancar aplausos no Festival de Veneza, onde saiu consagrado como melhor filme, 'Coringa', longa estrelado por Joaquin Phoenix e dirigido por Todd Phillips pode ter deixado o público de queixo caído sem nem ao menos ter exibido sua melhor cena. E quem faz a afirmação é ninguém mais, ninguém menos, que o próprio protagonista do longa.
À esquerda, Joaquin Phoenix no papel de 'Coringa'; à direita, o ator em 2015 (Foto: Instagram / Getty Images)
Em entrevista à Fox News, o ator ainda revelou que a cena não só seria a melhor do longa, mas que também seria a sua favorita, opinião compartilhada com Todd Phillips. "É um clichê, mas é um quebra-cabeças. Então, você tira essa cena e ela afeta a cena seguinte. Portanto, uma cena que poderia ter sido realmente ótima não funciona mais. A melhor cena para o final de seu discurso sobre Murray Franklin (o apresentador de talk show interpretado por Robert De Niro) simplesmente não funcionou. Foi uma tomada muito boa por si só, mas foi cortada porque simplesmente não funcionou. Uma tomada anterior, uma que eu não achei muito boa, foi a que funcionou melhor", revelou o ator.
Joaquin Phoenix ao lado do diretor Todd Phillips, com o Leão de Ouro vencido por Coringa (2019) (Foto: Instagram)
Phoenix, que perdeu mais de 23 quilos para dar vida ao notório vilão do Batman, revelou que ele e o diretor Phillips realizaram uma série de experimentações para chegar ao tom certo de seu Coringa, e que ele acha que o trabalho acabou fazendo dele um ator mais forte como um todo.
"Parecia haver um número infinito de maneiras de interpretar cada momento ou como ele poderia se comportar a qualquer momento. E não havia nada que não fizesse sentido", explicou. "Então, nós fizemos cenas de muitas maneiras diferentes e algumas eu chorava e outras eu fazia piadas e outras eu ficava com raiva e seria a mesma cena e todas elas faziam sentido e isso é tão raro. Há algo realmente empolgante com isso, porque mantém você nesse estado de investigação perpétua e tentando encontrar algo novo", completou o artista indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por 'Gladiador' (2000), e ao prêmio de Melhor Ator por 'Johnny & June' (2005) e por 'O Mestre' (2012).
O Coringa de Joaquin Phoenix e o criminoso James Holmes, atirador responsável pela morte de 12 pessoas em Aurora, no Colorado (Foto: Divulgação e Getty)
Além dos elogios, o longa está no centro de uma séria discussão por não ser exibido no cinema em que houve um massacre em 2012 durante uma sessão de 'O Cavaleiro das Trevas Ressurge', em que um criminoso - cujo visual foi erroneamente vinculado ao vilão - atirou fatalmente em 12 pessoas e deixou outras 70 feridas na cidade de Aurora, no Colorado. As forças de segurança dos EUA proibiram de fãs assistirem aos longas fantasiados como o personagem e especula-se que a violência do longa possa servir como gatilho para situações de violência. O diretor Todd Phillips discorda veementemente sobre o tema, fazendo inclusive uma alusão à extrema violência de longas como os da franquia 'John Wick', elogiados e cultuados por parte da crítica e da opinião pública, em um movimento de visível hipocrisia.
Joaquin Phoenix como Coringa (Foto: Instagram @Todd Phillips)
Ao mesmo tempo em que é atacado, Phillips lembra que 'Coringa' pode ser crítico dos mesmos temas que vêm o atingido. O longa traz em seu subtexto temas delicados da atualidade como saúde mental, incels (celibatátios involuntários, homens que acabam sendo protagonistas de atos de violência e assassinatos em massa), a glamorização de figuras violentas por parte da mídia, entre outros temas espinhosos. Não dá para não dizer que o filme ultrapassou os limites do entretenimento para ser tratado como filme "sério".
Joaquin Phoenix em Coringa (2019) (Foto: reprodução)
