13/07/2017 às 16h59min - Atualizada em 13/07/2017 às 16h59min

Ricardo Pereira sobre a chegada de Julieta: “Para um pai, é uma delícia ter filha menina”

À espera do terceiro filho, o ator português, que já é pai de um casal, fala de paternidade, carreira, diversidade e sua parceria com a mulher Francisca

Emilia Kuster
Ricardo Pereira é aquele paizão que vive a maternidade intensamente com a mulher Francisca, grávida de 7 meses do terceiro filho. Foi assim com Vicente, 5 anos, e Francisca, 3. Juntos há 12 anos, eles construíram uma família linda e sonham ainda em aumentá-la.
 
Para Marie Claire, o ator no ar em Novo Mundo,  relembra o emblemático capitão Tolentino de Liberdade, Liberdade, que viveu com Caio Blat a primeira cena de sexo entre dois homens em uma novela brasileira e conta que cria seus filhos sem distinção de gênero. "Minha filha brinca com kart, como joga futebol", diz. Confira essa entrevista do português de risada gostosa que adora morar no Brasil há mais de 10 anos. 
 
Marie Claire- Como está sendo viver Ferdinando em Novo Mundo?
Ricardo Pereira- Está sendo um prazer gravar. Um personagem  apaixonado e apaixonante. Um cara interessado em sua profissão, botânica, e tem um mundo para descobrir. Ele perde a mulher e isso faz ele pensar muito. Ele fica no meio da selva e querendo não viver e de repente ele é descoberto por uma tribo de índios que ensina um monte de coisas para ele. De uma foram espiritual, eles fazem ele voltar a acreditar na vida. É um privilégio fazer uma novela que todo mundo ama e retrata de uma maneira muito bonita a história do Brasil e Portugal. É como estar no paraíso.
 
Marie Claire- Liberdade, Liberdade foi um marco na história da TV. Muitas pessoas elogiaram a cena de sexo entre o seu personagem, o capitão Tolentino e o André, vivido por Caio Blat. Como os seus fãs receberam?
Ricardo Pereira- Foi unânime. Era uma cena de amor entre dois homens, que podia ter sido entre qualquer pessoa. Foi construída com delicadeza. Essa cena teve uma repercussão muito grande. Foi muito marcante para mim. Tenho tido oportunidade de fazer papeis que saiam da curva na TV. É surpreendente fazer um outro "Ricardo". Tive essa oportunidade no cinema e no teatro e também em Joia Rara, A Regra do Jogo, Liberdade, Liberdade e agora Novo Mundo. Tenho feito na TV, personagens mais densos, cheios de questões. Foi uma cena que quebrou preconceitos. O mundo está mais aberto para isso. São tempos bacanas do mundo aceitar todo mundo e isso é bom. Fui recebido com muito carinho.
 


MC- Sua mulher está grávida do terceiro filho. O que muda depois de duas experiências?
RP- A gente quer ter família grande. É um desejo meu e da minha mulher. Quando namorávamos a gente dizia que queria ter quatro filhos. Não sei se vamos chegar no quarto, momento cedo para pensar. Temos o Vicente 5, a Francisca 3 e a Julieta que está por vir. Tem toda uma ponderação, um preparo. Tem sido inclusive uma grande descoberta ser pai e mãe desses dois que já nasceram e acompanhar o crescimento deles. A  gente gosta de ser muito presente e encontramos o momento que estava na hora de ter o terceiro. Acho que é isso. Energias e pensamentos que convergem e vamos nessa! Não é ciência exata. Cada um é diferente do outro. A educação e a personalidade é muito característica. Tem que adequar o seu comportamento e seu tempo para cada um. É uma jornada bem difícil, mas muito gratificante.A gente curte viver juntos e eu adoro estar ao lado da minha mulher e que ela esteja presente. Temos muita compreensão, diálogo, carinho, respeito e confiança.
 
MC- Seus filhos estão com ciúmes?
RP- Cara, do primeiro para o segundo rolou um ciúme. Quem está sozinho e reina em casa não quer dividir, óbvio. Hoje em dia olho para os meus filhos e foi a melhor coisa que a gente fez. Eles são os melhores amigos do mundo. Para o terceiro eles estão animados. Já são os camaradas e vem mais um para se juntar.
 
MC- Como você participa da gravidez?
RP- Como pai e marido, pessoa que assume um compromisso. Quando eu e minha mulher decidimos namorar e casar, a gente entendeu isso como uma parceria de vida. Companheiro e amigo do outro, a gente é assim. Quando fui pai, tivemos que readaptar. Sou um marido muito presente. Vou à todas as ultras, todas as consultas, mas o homem nunca vai sentir a gravidez. A gente está do lado, toca, acompanha, vive, curte, mas a mulher sofre uma transformação enorme, uma generosidade imensa. Imagina gerar uma vida dentro de outra pessoa? É uma coisa incrível. Nenhum homem vai ter essa compreensão total. Ao fim do terceiro já estou bem treinado. Mas eu tiro o chapéu para as mulheres. El, elas são lutadoras e guerreiras. A gente tem que fazer nossa parte. Tem que ter calma, viver isso de forma tranquila e entender. 
 
MC- Ser pai de menina mudou a forma como você enxerga a sociedade? Se preocupa como vai falar com sua filha sobre isso?
RP- Até brinco quando alguém me pergunta: “vai ser menina de novo?” Eu respondo: “Claro. Não são as mulheres que estão dominando o mundo e mandando nele? Vamos apostar nas meninas”. Para um pai, é uma delicia ter filha menina. A gente se derrete olhando para as mulheres e as mulheres têm essa capacidade fantástica de serem sedutora a toda hora. O ser humano feminino é uma obra prima! Sempre tive muitas amigas mulheres, vejo na delicadeza da mulher uma beleza rara e especial. Hoje em dia e desde sempre, tenho 37 anos,  não tem sentido não existir igualdade de tudo. Cada um é como é, todo mundo independentemente da cor, sexo, gênero tem os mesmos direitos e têm que ter as mesmas oportunidades.
 
MC- Pretende educar sua filha assim?
RP- Acima de tudo, nada de extremos é bom. Tudo tem que ser pensado, ponderado, não seguir massas e multidões frenéticas a procura de um grito que seja só visualizar uma saída. Temos que pensar antes de tomar uma posição, fazer um questionamento, pensar a origem das coisas e o porquê das coisas. Quero educar meus filhos a fazer essa ponderação. Eu acho que não vou pensar se um é menino e outro é menina. Esquece isso.  As mulheres finalmente estão ocupando lugares que merecem na sociedade, isso me deixa muito feliz. Tenho uma mulher lutadora em casa, com uma personalidade forte e esse vigor todo, fico feliz que ela vá para vida. Não farei distinção de educação de filho para filha. Quero que eles encontrem um mundo equilibrado e que não olhem diferente para uma pessoas de cor diferente, orientações diferentes ou outro tipo qualquer de questão. A pessoa é o que ela é por dentro e ponto. Devemos respeitar as diversidades.
 
MC- Tudo bem para você sua filha brincar de carrinho e seu filho de boneca?
RP- É tranquilo. Como pai o que me compete é dar educação, estabelecer limites, regras de convívio social. Minha filha brinca com kart, como joga futebol. Eu não gosto muito de falar que a sociedade antigamente era muito machista, não essa expressão. Ela tinha caminhado em uma direção que achava que o que era permitido para os meninos era uma coisa, para as meninas outra. Mas na verdade isso foi ultrapassado. A gente esta em outra fase. Tem uma frase que meu pai sempre diz: “liberdade com responsabilidade”.  A gente entrou num papo mais sério, do que vou achar, do que eles vão pensar. Ainda é um papo muito cedo para ter sobre crianças tão novas. Vou respeitar todas as escolhas que eles fizerem.
 
MC- Você é galã, Francisca sente ciúmes?
RP- Trabalhei em moda estou muito acostumado a lidar com isso. É muito bacana sentir o carinho do público. Vivo numa boa, levo tudo numa boa. Tem algumas mais atrevidas, mas é tudo na boa. Ela é muito relaxada em relação a isso.  As coisas acontecem na vida quando têm que acontecer e não depende só de ser um galã. Na vida, você seduzir ou se deixar seduzir depende de como está e o que quer.
 
MC- A beleza te abriu portas? É vaidoso?
RP- A beleza tem seu quê de influenciador, vamos ser corretos a dizer o que é uma realidade. Nem tudo é coisa boa. Tem muitas coisas dessa beleza que depois funcionam ao contrário. Nunca tive essa questão do preconceito por ser bonito. Não poderei ser hipócrita de dizer que não é importante. Mas, a gente tem que ter o pezinho no chão. Pode atrasar um pouco e levar as pessoas a questionar seu mérito. Eu não sofri muito disso, pois gosto de provar, trabalhar e mostrar que sou algo além de outro algo, não gosto muito de rótulos. As pessoas têm que me conhecer como um todo. Não sou muito vaidoso.  Adoro fazer esportes, sempre tive um contato com cosméticos, uso alguns cremes, hidratante no corpo, rosto, antes de dormir no pé  dos olhos e protetor solar. Bebo 3 litros de água, aposto muito na longevidade.
 
MC- Você estava em cartaz com o espetáculo Hollywood no Rio, pretende continuar pelo Brasil?
RP- Acabou de acabar. Foi um projeto brilhante em um momento muito especial de vida. Não só com novela, mas também por estar esperando a terceira filha. Ir para o teatro Poeira (no Rio) fazendo um texto de David Mamet é um divisor de águas para mim. Novo Mundo vai até meio de setembro. Tem muita gravação ainda. Vou ser papai de novo. Tenho projeto de cinema e em seguida, TV. A gente tem que se ajustar passo a passo.

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