14/08/2018 às 15h11min - Atualizada em 14/08/2018 às 15h11min

Na Faep, só há democracia para quem concorda com a política do 'cada um por si'.

JCN
Candidato do PT do governo do Paraná.

O candidato do PSD ao governo do Paraná, Ratinho Jr, foi aplaudido pelos grandes proprietários do estado ao defender na manhã de ontem (segunda-feira, 13) que eles têm o direito de se armar a fim de proteger suas terras. Ratinho Jr concordou com o pedido de flexibilização do Estatuto do Desarmamento formulado pela Faep, a federação que representa os grandes fazendeiros, durante sabatina no Hotel Bourbon.

Infelizmente, não recebi da Faep a mesma atenção dedicada a Ratinho Jr, Cida Borghetti (PP) e João Arruda (MDB), e consequentemente não pude expor, democraticamente, minha posição sobre o tema. A recusa da federação em abrir espaço para ouvir meu ponto de vista, quando represento a única candidatura de centro-esquerda hoje posta na corrida pelo Palácio Iguaçu, evidencia que essa não é uma organização democrática, ao contrário do discurso que ela própria reivindica para si.

Estivesse eu lá, teria começado por lembrar o próprio candidato Ratinho Jr de que ele já liderou na Assembleia Legislativa do Paraná, em 2005, o bloco pró-desarmamento, à época uma minoria na Casa, que acusava a “bancada da bala” de fazer o “discurso fácil” contra o estatuto bancado pelo Governo Lula, que pretendia pacificar o país.

Ratinho Jr era na época – ainda mais – jovem, e pode ter com o tempo mudado de opinião. Mas o mais provável é que agora, diante da atual conjuntura política de discursos cada vez mais inflamados e estímulo ao ódio, seja Ratinho Jr quem está fazendo o “discurso fácil”, eleitoreiro. Cabe perguntar: o que mais Ratinho Jr pode estar dizendo da boca para fora?

Estivesse eu presente no evento promovido pela Faep, como mandam as regras da boa convivência democrática, teria respondido a pergunta sobre armamento no campo da seguinte forma, conforme registrado em meu programa de governo: sob minha gestão, o estado do Paraná criará espaços permanentes de diálogo com organizações e movimentos sociais do campo, visando a construção, implantação e democratização de políticas públicas, programas e ações que promovam o desenvolvimento rural sustentável e solidário.

Isso está de acordo com tudo o que preguei e defendi durante meus 28 anos de vida pública. Não faço demagogia, discurso eleitoreiro e nem falo da boca para fora. Nunca fiz coisa do tipo, e não farei neste momento.

Um candidato que concorda com a política da força bruta, do cada um por si, declara de antemão a falência do próprio governo.


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