27/06/2018 às 11h11min - Atualizada em 27/06/2018 às 11h11min

"Gestei o bebê da minha amiga depois que ela morreu"

Australiana se ofereceu para servir de barriga de aluguel à amiga, que não podia engravidar, mas a mãe faleceu antes do fim da gestação

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No sentido horário, Gareth e o pequeno Rixan; ele com Jessica e Jeremy, uma foto de Bec, o bebê no ultrassom, e Gareth com Jessica (Foto: Reprodução/ Facebook)
Desde a escola, as australianas Jessica Brockie e Rebecca Arena, Bec, tornaram-se amigas inseparáveis. Quase inseparáveis. Depois de cursarem a universidade na mesma institução em Townsville, cidade natal das duas, ambas se casaram e Jessica foi morar na África do Sul com seus dois filhos e o marido, Jeremy, enquanto Bec ficou na Austrália com o marido dela, Gareth. Bec sofria com fibrose cística, uma doença fatal que prejudica os pulmões. Por isso, enfrentou várias lutas, desde a infância, para controlar o problema.
 
Um dia, enquanto estava navegando pelo Facebook, Jessica notou um post estranho feito por Bec. A amiga, sempre alegre, tinha escrito algo um tanto quanto depressivo. Ela, então, resolveu mandar uma mensagem de texto para saber se estava tudo bem. Foi aí que Bec disse que tudo finalmente começou a pesar para ela, que, recém-casada com Gareth, queria muito ter um bebê, mas não podia, por conta da doença.
 

Bec e Gareth (Foto: Reprodução/ Facebook)

Bec e Gareth (Foto: Reprodução/ Facebook)


Bec e Gareth (Foto: Reprodução/ Facebook)
 
"Eu posso ter bebês. Sou boa nisso", respondeu Jessica, mãe de Piper, que tinha 2 anos na época, e Oskar, que tinha 1. Ela, então, deu a ideia de ser barriga de aluguel para que a amiga pudesse realizar o sonho de ser mãe, ainda que estivesse do outro lado do mundo. O marido de Jessica, Bec, estranhou a ideia, a princípio. Afinal, sua esposa acabara de desmamar o filho caçula deles. "Eu sabia que ele só precisava de um tempo depois de ser introduzido à ideia. Alguns meses depois, ao terminar de assistir a um vídeo sobre fibrose cística na internet, ele topou e disse: 'Temos realmente muita sorte. Você deveria ajudar Bec'", conta Jessica, em depoimento à revista australiana That's Life.
 
Ao receberem a notícia, Bec e Gareth ficaram em choque de tão felizes. A fibrose cística realmente diminui a expectativa de vida, mas Bec estava saudável e as expectativas médicas eram boas. Depois de combinarem os detalhes, Jessica, então, pegou um voo para Brisbane, na Austrália, onde o embrião foi transferido para o seu útero. Duas semanas mais tarde, por chamada de vídeo, Bec e Gareth viram o teste de de gravidez dar positivo: Jessica estava grávida.
 

O teste de gravidez positivo (Foto: Reprodução/ Facebook)

O teste de gravidez positivo (Foto: Reprodução/ Facebook)


O teste de gravidez positivo (Foto: Reprodução/ Facebook)
 
Conforme a gestação avançava, Jessica relatava tudo para a amiga. Ela ligava durante os exames de ultrassom, colocava o áudio dos batimentos cardíacos do bebê para Bec e Gareth ouvirem, descrevia até os desejos alimentares esquisitos e cada movimento do pequeno em sua barriga.
 
Quando Jessica chegou na 16ª semana de gravidez, o rumo da história mudou. Eles haviam combinado que ela voaria para a Austrália novamente para fazer o ultrassom da 20ª semana, quando eles, provavelmente, descobririam o sexo do bebê. Mas a saúde de Bec se deteriorou rapidamente, porque ela pegou uma infecção no pulmão. "Ela sempre tinha esse tipo de infeccção, mas, desta vez, era diferente, a medicação não estava funcionando", lembra Jessica. Gareth, então, pediu que a amiga adiantasse o voo em uma semana e assim ela fez. Para poder embarcar no avião, ela precisou fazer alguns exames e, mesmo sem querer, acabou descobrindo antes o sexo da criança que esperava: era um menino, como sua amiga queria.
 
No dia seguinte, Gareth ligou para dizer que a saúde de Bec tinha piorado e, em lágrimas, Jessica revelou que eles teriam um menino. "Assim que saí para ir para o aeroporto no dia seguinte, Gareth telefonou de novo e disse: 'Bec se foi'", conta Jessica.
 
Ela, então, foi para a Austrália e levou o bebê em sua barriga para o funeral da mãe dele. "Foi de partir o coração e acariciando minha barriga, eu sentia dor pelo pequeno, que nunca conheceria sua incrível mãe", lembra. De volta à África, ela sentia falta de compartilhar com a amiga os detalhes da gravidez. No final, ela voltou a Townsville para dar à luz e se sentiu emocionada quando Gareth pegou o filho e o abraçou pela primeira vez. O pai deu ao bebê o nome de Rixon, como a mãe queria. "Me sinto honrada de poder dar à família de Bec um presente tão maravilhoso depois dela ter partido", diz.
 

O dia em que Rixon nasceu (Foto: Reprodução/ Facebook)

O dia em que Rixon nasceu (Foto: Reprodução/ Facebook)

O dia em que Rixon nasceu (Foto: Reprodução/ Facebook)
 
Hoje, RIxon está com 5 meses e é o maior companheiro de seu pai. "Outro dia, eu estava olhando algumas fotos de Bec quando bebê e ela era exatamente como Rixon! Ele tem os mesmos olhos azuis da mãe. Bec seria a melhor mãe do mundo. Sem Rixon, não sei como eu conseguiria superar a perda dela. Ele é uma benção e me sinto muito grato por Jess nos ajudar", disse o pai.
 

Gareth e o filho (Foto: Reprodução/ Facebook)

Gareth e o filho (Foto: Reprodução/ Facebook)


Gareth e o filho (Foto: Reprodução/ Facebook)

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