24/10/2017 às 09h50min - Atualizada em 24/10/2017 às 09h50min

Dieta pós-castração

O procedimento favorece a obesidade. Por isso, é preciso adaptar e controlar adequadamente a alimentação dos pets

revistameupet.uol.com.br - Bárbara Roxo
Decidiu castrar o mascote? Pois saiba que, a partir de agora, o organismo do peludo sofrerá alterações metabólicas e fisiológicas que deverão ser acompanhadas de perto por você e por um especialista, para garantir que ele continue saudável. Uma das mudanças mais comuns pós-castração é o ganho de peso, que, se não for controlado, pode levá-lo à obesidade.
 
Os benefícios da castração para machos e fêmeas são mais do que comprovados e o procedimento é sempre recomendado por médicos veterinários. Seja para controlar a superpopulação de cães e gatos, para prevenir doenças (como câncer) e até problemas comportamentais como a de marcação de território, a esterilização é uma opção bastante indicada. Porém, deve ser bem pensada pelo tutor por tratar-se de um procedimento cirúrgico que é definitivo.
 
A castração é uma medida recomendada ao dono que não tem interesse em reproduzir seu animal. Segundo Carla Maion, médica veterinária, as fêmeas podem ser castradas antes do primeiro cio, entre 4 a 6 meses em cadelas e aos 4 meses em gatas. Já nos animais machos, o ideal é que seja realizada antes de entrarem na puberdade, para evitar o desenvolvimento dos comportamentos de demarcação, como urinar em diversos locais.
 
MUDANÇAS NO ORGANISMO
Na castração dos mascotes, ocorre a retirada dos testículos do macho e do útero e dos ovários da fêmea. Como explica Keila Regina de Godoy, médica veterinária da PremieR Pet, os testículos e ovários são órgãos que produzem hormônios sexuais, os quais interferem em diversas atividades do organismo deles. “Com a retirada dessas estruturas, esses hormônios deixam de ser produzidos”, afirma.
 
A falta de produção de hormônios sexuais promove mudanças fisiológicas no animal que incluem o menor gasto de energia (metabolismo mais lento), menor controle da saciedade ao comer (demora para se sentir satisfeito) e baixo interesse em realizar atividades físicas (fica mais preguiçoso). Para os gatos, ainda há a maior propensão aos cálculos urinários e incidência maior de bola de pelos.
 
De acordo com Keila, essas alterações fisiológicas, somadas a fatores ambientais – como estilo de vida sedentário, pouco espaço físico para correr, ingestão frequente de petiscos e alimentos extras – e fatores genéticos, podem levar rapidamente os animais ao sobrepeso e obesidade. “Portanto, os donos devem estar atentos e oferecer um alimento específico que previna essa consequência indesejável da castração”, enfatiza a especialista.
 
CUIDADOS NECESSÁRIOS
Não é uma regra que todos os pets castrados irão engordar. Porém, existe uma tendência ao sobrepeso, caso a alimentação não seja adequada ao novo estilo de vida. Segundo Carla Maion, que também é nutróloga de cachorros e gatos, é muito importante que o manejo nutricional e alimentar do peludo seja ajustado de um a dois meses antes da cirurgia. “A adaptação metabólica do paciente é fundamental para evitarmos o ganho de peso”, explica.
 
Mas como identificar que o seu pet está realmente com problema de sobrepeso? Para Keila, nenhum excesso de peso é saudável. Se o animal estiver 15% acima do peso ideal, já deve servir como um sinal de alerta. “O cão e o gato possuem uma faixa de peso desejável de acordo com seu porte e sua raça. O veterinário é a pessoa mais indicada para avaliar em consulta e orientar o dono.” Como complement aCarla, para identificar o peso ideal de um animal, mesmo daqueles sem raça definida, o veterinário irá avaliar a condição corporal e a proporção entre ossos, gordura e musculatura que apresenta – dessa forma, se houver excesso de gordura, será notado.
 
Já o alerta da veterinária Keila vai para os animais com problemas articulares. “O fato de estarem em sobrepeso é o suficiente para agravar as lesões e aumentar a dor e o desconforto”, ressalta. Gatos também merecem atenção redobrada, pois podem adquirir sobrepeso muito rapidamente. “Apenas 30 dias depois da castração o gato pode ficar obeso por se tornar mais sedentário”, afirma Keila. “Com isso, desenvolvem também maior predisposição aos cálculos urinários e às bolas de pelos, exigindo cuidados ainda mais específicos para esses problemas após a castração”, diz a veterinária.
 
Portanto, no geral, a castração apenas favorece o ganho de peso. “Isso exige disciplina dos donos no manejo da alimentação. Além disso, fatores relacionados à idade e espécie também serão determinantes”, pondera Carla.

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