02/10/2017 às 10h35min - Atualizada em 02/10/2017 às 10h35min
Como fazer networking e crescer na carreira em 10 passos
Nova colunista de Marie Claire, a advogada Marienne Coutinho fala sobre a importância de fazer contatos para crescer na carreira e diz por que essa prática pode ajudar as mulheres a conquistar cargos de poder
revistamarieclaire.globo.com - Marienne Coutinho
Uma das coisas que mais gosto de fazer é networking (ou construção de relacionamentos). Comecei a investir na minha rede de contatos há muitos anos, depois de participar de um treinamento corporativo comercial. O instrutor dizia que para melhorar sua performance comercial, você deve primeiramente aperfeiçoar sua forma de se relacionar com as pessoas. Negócios são fechados por pessoas e não por empresas. Quanto mais confiança existir na relação, maior a probabilidade de você ser o fornecedor preferido do cliente.
Após muitos anos colocando aqueles ensinamentos em prática, pude constatar que os relacionamentos de qualidade não apenas abrem portas com clientes, mas também com chefes, pares, subordinados, recrutadores, jornalistas, influenciadores etc.
Na prática, as pessoas preferem trabalhar e conviver com pessoas confiáveis, e essas pessoas, geralmente, fazem parte do seu círculo de relacionamento (ou do círculo das pessoas nas quais você confia). Então, muitas vezes o "quem indica" é a forma mais comum de encontrarmos um recurso.
Há quem diga que a indicação é inimiga da meritocracia, pois o amigo (ou o amigo do amigo), nem sempre é a pessoa mais qualificada. Eu entendo que seja possível uma convivência pacífica dos dois. Enquanto a capacidade ou capacitação são atributos fundamentais, a validação externa complementa o processo. Qual a utilidade prática de sermos ótimos se ninguém sabe disso?
Investir em networking significa ter consciência, desejo, planejamento, foco e execução. Parece muita coisa, mas é um investimento altamente rentável e com baixo risco.
Muitas pessoas dizem que não gostam ou não sabem fazer networking. Por isso passei a compartilhar minha experiência nesse tema. Posso assegurar que as dicas abaixo são infalíveis, testadas e aprovadas por muitas pessoas que já estiveram em minhas apresentações.
Dica 1: Saia da zona de conforto. Não é possível fazer networking e ficar na sua zona de conforto ao mesmo tempo. Se você almoça sempre com as mesmas pessoas, prefere ficar com os colegas de sua área em eventos corporativos e não gosta de interagir com novas pessoas, você precisará mudar sua atitude.
Dica 2: Administre seu tempo. Um dos artigos mais escassos na vida das pessoas é o tempo, e usamos a falta de tempo como desculpa para não fazermos networking. As mulheres que possuem dupla ou tripla jornada, especialmente, tendem a fazer menos networking do que os homens, pois algumas oportunidades de relacionamento aparecem fora do horário de trabalho. Devemos, porém, reconhecer que networking é uma parte importante do nosso trabalho e aproveitar parte do nosso horário de trabalho para fazê-lo. Quando levantamos da nossa cadeira e vamos falar pessoalmente com uma pessoa do escritório, estamos fazendo networking. Quando puxamos conversa com um desconhecido no café da empresa, estamos fazendo networking. Isso não significa que devamos nos restringir ao horário de trabalho para o networking, mas o ponto é avaliarmos o quanto usamos esse tempo para também fazer networking.
Dica 3: Eventos. Quando me refiro a eventos, algumas pessoas dizem que não possuem muitas oportunidades de participação em eventos externos. Então, interpretem eventos como qualquer compromisso previamente agendado que conte com a presença de pessoas com as quais você ainda não possui relacionamento. Pode ser a confraternização da empresa, uma reunião interna, um treinamento etc.
Para tirar o melhor proveito do evento: gaste alguns minutos para descobrir quem estará presente, faça uma lista daqueles que você gostaria de conhecer, pesquise um pouco sobre o perfil das pessoas, tente descobrir contatos em comum. Procure as pessoas durante o evento e apresente-se.
Dica 4: Não tenha vergonha. Independentemente de serem extrovertidas ou introvertidas, muitas pessoas têm vergonha de iniciar conversas com estranhos. Supere o medo da rejeicão e/ou reprovação. Diga para si mesma: "o não eu já tenho", "se não quiser conversar comigo, o outro é quem sairá perdendo", "não podemos ganhar sempre", " pelo menos ganharei a experiência", "não fazemos omelete antes de quebrarmos os ovos", "não podemos agradar a todos". E saiba que na maioria das vezes, você vai se surpreender com o resultado positivo da sua abordagem e sairá confiante e motivada para a próxima.
Dica 5: Faça perguntas e aprenda a escutar. Quando queremos que as pessoas gostem de nós, devemos adotar a estratégia "é mais sobre elas e menos sobre mim". As pessoas apreciam serem ouvidas e possuem mais empatia com aqueles que as admiram e gostam dela. Assim, após se apresentar, mostre interesse pela pessoa, faça perguntas não invasivas e elogios sinceros e preste muita atenção no que ela está dizendo. Aproveite para identificar interesses, experiências e visões comuns. Apesar de devermos valorizar a diversidade, nosso inconsciente prefere aqueles que se parecem conosco e pensam como nós.
Dica 6: Seja uma pessoa interessante. Temos que estar abertos a novos assuntos e experiências, pois quanto maior for o nosso repertório, maior será a probabilidade de sermos interessantes. Além de saber ouvir, será mais fácil ter uma conversa interessante sobre os temas de interesse do outro se você conhecer minimamente o assunto. Então, que tal não pular um artigo de uma revista que trata de um assunto com o qual você não tem familiaridade? Ou ouvir um pouco de música clássica se esse gênero não estiver entre os seus preferidos? Ou ainda aprender um pouco sobre futebol americano?
Dica 7: Mantenha seu contato vivo. Para atingir profundidade é preciso tempo e recorrência. Muito dificilmente uma relação de confiança vai ser estabelecida durante um único encontro. O primeiro contato é fundamental, mas tão importante quanto são os seguintes. Tente se fazer presente com alguma frequência. Você pode, por exemplo, passar pelo andar ou escritório do contato, compartilhar um artigo de interesse, convidar para um café ou almoço, conectar-se e interagir pelas mídias sociais.
Dica 8: Pratique o que você prega. Sinceridade e consistência são fundamentais. Não finja ser quem não é nem apreciar o que não gosta. Seja verdadeiro. os resultados do seu investimento começarão a aparecer de forma relevante quando várias pessoas começarem a falar positivamente umas com outras sobre você.
Dica 9: Não se aproxime apenas de pessoas que tenham mais do que você. Um erro muito comum é valorizar apenas pessoas que tenham cargos de liderança, bem-sucedidas e famosas. Influência e relevância nem sempre são encontradas apenas nessas pessoas. Seus pares, seus subordinados, pessoas simples, jovens e iniciantes possuem tanto quanto para dar. Não subestime ensinamentos, experiências, amizades e parcerias.
Dica 10: A regra de ouro: Dar para receber. Assim como há várias pessoas que podem nos ajudar, há várias que podem ser por nós ajudadas.
E o mais importante: não se esqueça de se divertir e fazer muitos amigos