20/09/2019 às 10h33min - Atualizada em 20/09/2019 às 10h33min

Pilates no solo ou em aparelhos? Veja cinco exercícios feitos das duas formas

Benefícios, semelhanças e diferenças do The Hundred, Swan, Mermaid, Single Leg Circle e das flexões de braço quando realizados no solo ou em equipamentos como cadillac, reformer e chair

globoesporte.globo.com - Rebeca Letieri, para o Eu Atleta
O pilates no solo incorporou ferramentas que não existiam em sua criação, como a bola suíça — Foto: iStock
Que tipo de pilates é melhor, o no solo ou o com aparelhos? Muita gente tem essa dúvida na hora de escolher a atividade física. Alguns podem achar que aparelhos como reformer, cadillac e chair a tornam mais completa. Outros, que os exercícios realizados no solo, chamados de MAT pilates, exigem mais esforço. Mas será que isso é verdade? A educadora física e professora de dança Letícia Marchetto, sócia-fundadora do Studio Let’s Pilates, contou para o Eu Atleta quais as diferenças entre os dois jeitos de praticar a atividade. E provou que ambos são excelentes para garantir que os benefícios do pilates sejam alcançados ao mostrar exemplos de exercícios realizados das duas formas, explicando o que cada uma delas trabalha.
 
Alguns dos principais aparelhos:
Cadillac;
Reformer;
Chair;
Ladder Barrel.
 

Um estúdio com alguns aparelhos de pilates: turmas pequenas — Foto: Istock Getty Images

Um estúdio com alguns aparelhos de pilates: turmas pequenas — Foto: Istock Getty Images


Um estúdio com alguns aparelhos de pilates: turmas pequenas — Foto: Istock Getty Images
 
História
Conhecido por ser uma atividade que melhora postura, flexibilidade, força, respiração e até mesmo a qualidade do sono, o pilates é um método de controle muscular desenvolvido por Joseph Pilates na década de 1920. Por ser uma prática desenvolvida para aumentar a qualidade de vida, o pilates é adaptável e personalizável.
 
O Método Pilates foi o primeiro a ser ensinado e não usava bolas, faixas e outros acessórios. Era realizado no solo e em aparelhos desenvolvidos especialmente para a atividade. No Brasil, no início, apenas o de solo era praticado, pela dificuldade de produzir ou importar os grandes aparelhos. Mas muitos dos primeiros professores ministravam suas aulas em escolas de danças e academias utilizando acessórios e até alguns aparelhos aliados, que originalmente não faziam parte do método, como é o caso da bola suíça. Incorporada às aulas por sua versatilidade, a bola suíça tornou-se um símbolo do pilates.
 
– E ainda que o próprio Joseph Pilates, o criador do método, nunca tenha utilizado uma bola suíça, até hoje muitas pessoas que visitam meu estúdio perguntam “e onde está a bola?”. Rapidamente as aulas de solo se popularizaram nas academias com grandes grupos de pessoas – conta Letícia.
 
Em um segundo momento, os equipamentos de pilates chegaram e passaram a ser produzidos no Brasil. Grandes e pesados, não eram uma aquisição vantajosa para academias, por ocupar espaço e por necessitar de turmas com número reduzido de alunos. Por isso, alguns profissionais começaram a adquirir seus equipamentos e abrir estúdios próprios para a atividade, nos quais aceitavam uma quantidade reduzida de alunos por turma, já que o uso dos aparelhos é individual. Logo, o pilates em aparelhos ficou conhecido como de alta qualidade e o pilates solo, chamado de MAT pilates, como de baixa qualidade, uma vez que a condução do instrutor é diferente para uma turma com 40 pessoas em relação a uma turma com dois ou três participantes.
 
– Isso não é verdade: MAT pilates é bom sim! Inclusive, é o MAT pilates que fundamenta o trabalho do pilates nos equipamentos. A genialidade do Método Pilates é que: seja no solo ou nos equipamentos, podemos realizar a regressão ou a progressão de um exercício de acordo com a necessidade e os objetivos do praticante – explica Letícia.
 
Segundo ela, pessoas com boa consciência corporal e controle do movimento podem executar exercícios mais complexos e pessoas com restrição de movimento ou pouca consciência corporal podem realizar outros mais simples.
 
– A força muscular é um dos componentes do método, mas não é o único. Cada exercício apresenta diferentes características de mobilidade articular, flexibilidade, força, controle e grupo de ativação muscular, e quando transportamos o mesmo movimento do solo para um equipamento ou de um equipamento para o outro, estas características podem se alterar completamente. Sem falar que é possível modificar movimentos de forma a beneficiar pessoas com lesões ou populações especiais como gestantes e idosos – acrescenta.
 
Benefícios:
Corrige postura;
Aumenta a concentração;
Tonifica a musculatura;
Ajuda na coordenação motora;
Aumenta a resistência física e mental;
Aumenta flexibilidade;
Alivia dores musculares;
Melhora a respiração;
Auxilia na prevenção contra a osteoporose;
Promove bem-estar e eleva a autoestima;
Relaxa;
Ajuda no controle de peso;
Melhora o equilíbrio.
 
Exercícios no solo e em aparelhos
The Hundred no solo

Letícia Marchetto demonstra o The Hundred no solo — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos

Letícia Marchetto demonstra o The Hundred no solo — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos


Letícia Marchetto demonstra o The Hundred no solo — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos
 
– Quando executado no solo, esse exercício tem como principais objetivos o controle respiratório, a centralização através da ativação profunda do abdômen e dos músculos que compõem a Power House (como são chamados os músculos estabilizadores centrais do tronco), a estabilização da coluna e da pelve e a estabilização dos ombros, que são desafiados pelo movimento curto, rápido e forte dos braços – explica Letícia.
 
Em relação ao trabalho muscular, a professora destacou o transverso do abdômen e os músculos multífidos para estabilizar a pelve e a coluna; os adutores para, manter coxas unidas; se as pernas estiverem alongadas, como é o caso da foto, ativam-se quadríceps e isquiotibiais. Durante o movimento forte dos braços o tríceps permanece em contração isométrica.
 
The Hundred no reformer

The Hundred no aparelho reformer, demonstrado pela instrutora de pilates — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos

The Hundred no aparelho reformer, demonstrado pela instrutora de pilates — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos


The Hundred no aparelho reformer, demonstrado pela instrutora de pilates — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos
 
A resistência das molas aumenta a carga do exercício, desafiando ainda mais o abdômen. Então, para executar este exercício no equipamento, o ideal é que o praticante já tenha realizado o movimento no solo.
 
– Mas não se preocupe, pois para chegar nessa versão apresentada existem muitos outros exercícios mais fáceis e com menos resistência, que vão preparar o praticante para essa execução – ressalta.
 
Single Leg Circle no solo

Single Leg Circle no solo, feito por Letícia Marchetto — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos

Single Leg Circle no solo, feito por Letícia Marchetto — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos


Single Leg Circle no solo, feito por Letícia Marchetto — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos
 
Neste caso, a utilização das molas vai alterar o trabalho muscular. Tanto no solo como no equipamento, o exercício desafia a estabilidade da pelve recrutando a musculatura profunda enquanto a perna realiza círculos no ar. Porém, no solo a musculatura do quadríceps, adutores e abdômen está sendo ativada para resistir à gravidade, numa alavanca de força.
 
Single Leg Circle no cadillac

Single Leg Circle no cadillac — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos

Single Leg Circle no cadillac — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos


Single Leg Circle no cadillac — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos
 
No caddilac, é a parte posterior da coxa, ou seja, o ísquiotibiais, que precisam empurrar a perna na direção contrária às molas para realizar o mesmo círculo.
 
Swan no solo

Sawn no solo, em postura de Letícia Marchetto — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos

Sawn no solo, em postura de Letícia Marchetto — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos


Sawn no solo, em postura de Letícia Marchetto — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos
 
O Swan Dive no solo, é um exercício ritmado, no qual deve-se manter a extensão da coluna e ativação dos músculos posteriores da coxa, enquanto balançamos o corpo, que mantém seu formato envergado, como um mata-borrão ou uma canoa.
 
– Ao executar esse exercício no solo, nosso corpo alterna as áreas de contato com o chão e por isso conseguimos perceber melhor se estamos realmente ativando as musculaturas corretamente – explicou Letícia.
 
Swan no chair

A instrutora demonstra o Swan no chair — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos

A instrutora demonstra o Swan no chair — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos


A instrutora demonstra o Swan no chair — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos
 
Diferente dos anteriores, quando o swan é realizado no equipamento chair, aumenta o desafio de equilíbrio, sem que necessariamente altere a resistência ou o grupo muscular recrutado. O que podemos observar, entretanto, é que no equipamento a base de apoio do corpo é menor do que no chão e as mãos se apoiam no pedal, que é uma superfície móvel.
 
Push ups ou flexões no solo

As flexões de braço no solo também estão presentes no Método Pilates — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos

As flexões de braço no solo também estão presentes no Método Pilates — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos


As flexões de braço no solo também estão presentes no Método Pilates — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos
 
As flexões de braço também estão presentes no Método Pilates. No solo, as flexões fortalecem a musculatura de braços, pernas e abdômen e aumentam o equilíbrio muscular.
 
Push ups ou flexões no aparelho

Push up ou flexão em aparelho de pilates — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos

Push up ou flexão em aparelho de pilates — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos


Push up ou flexão em aparelho de pilates — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos
 
– Podemos utilizar os equipamentos para facilitar a execução ou para aumentar a dificuldade, como é o caso da variação escolhida na imagem abaixo. Aqui é necessário manter o tríceps do braço de apoio em isometria, enquanto o outro cotovelo vai flexionar e estender, empurrando o pedal. Essa variação é excelente para pessoas com bom condicionamento que precisam treinar a estabilidade do ombro – explica Letícia.
 
Mermaid no solo

Mermaid no solo, em postura de Letícia Marchetto — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos

Mermaid no solo, em postura de Letícia Marchetto — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos


Mermaid no solo, em postura de Letícia Marchetto — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos
 
E como os equipamentos não estão aí só para aumentar o desafio, essa versão da Mermaid, também conhecido como Sereia Lateral, é mais difícil de ser realizada no solo do que na chair. O principal objetivo é a flexão da coluna mantendo a ativação do abdômen e a estabilidade do quadril. Isso significa que, durante o movimento, os dois ísquios devem estar nivelados e tocando o chão.
 
Mermaid na chair

Mermaid na chair, em demonstração da instrutora — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos

Mermaid na chair, em demonstração da instrutora — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos


Mermaid na chair, em demonstração da instrutora — Foto: Divulgação/Felipe Caetano dos Santos
 
Na chair, o apoio de um pé no chão aumenta a sensação de oposição e facilita o movimento, inclusive para praticantes que sentem desconforto na posição original, com as pernas em Z.
 
Análise
Letícia, em particular, prefere começar as aulas com o MAT Pilates, que é o que ela chama de Pré-Pilates, onde são passados os fundamentos. Em seguida, busca os equipamentos. Mas ela explica que isso não é uma regra pétrea. Que tudo depende dos objetivos do aluno.
 
– O The Hundred não fica nem mais fácil nem mais difícil, ele só muda o grupo muscular. Já a flexão de braço fica bem mais difícil no equipamento. Por outro lado, a sereia lateral fica bem mais fácil no equipamento – exemplifica.
 
E afinal, qual é melhor então?
 
- Acredito que é muito bom fazer os dois. Tudo depende de quais são os objetivos do aluno. Portanto, vale ele conversar com o instrutor - conclui.

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »