02/09/2019 às 15h11min - Atualizada em 02/09/2019 às 15h11min

Luana Piovani: "Sou muito consciente das escolhas que faço"

revistaquem.globo.com - Thaís Sant'Anna (@thatasantanna) + Fotos Daryan Dornelles


 
Luana recebeu a equipe da Quem na espaçosa e arejada casa em que mora com os filhos na bela cidade de Cascais, litoral de Portugal, logo cedo. Sem cerimônias, ela apareceu de cara lavada, usando apenas uma regata do novo namorado e, simpática, ofereceu café para todos. Em seguida, sentou para fazer a make do ensaio fotográfico desta entrevista, mas interrompeu o processo algumas vezes para dar atenção aos pequenos. Bem chegou a ficar em seu colo enquanto ela arrumava o cabelo para as fotos, que aconteceram na praia de Santa Marta, pertinho de onde ela vive. “É meu quintal”, brinca.
 
Após os cliques, Luana chamou todos para almoçar em um restaurante e aproveitou para relaxar com um chope. De volta ao trabalho, ela concedeu uma entrevista sincera, em que falou como foi o processo de mudança para Portugal, a criação dos filhos, os novos trabalhos na TV, cinema e teatro, a separação de Scooby e, claro, o “novo boy”, como ela chama o namorado Ofek Malka, de 23 anos. “Olho nossas fotos e fico derretendo”, confessa.
 

 
Por que você e Scooby decidiram se mudar para Portugal?
Tínhamos planos de sair do Brasil, porque eu já queria e ele também gostava da ideia. As duas profissões permitiam essa liberdade. Nosso plano era a Califórnia. Mas viemos para o Rock in Rio em Lisboa há três anos e ficamos completamente apaixonados. Ele já conhecia, eu fiquei encantada pela luminosidade, pela cara que Lisboa tem de soteropolitana. Por exemplo, eu chego em Paris e fico embasbacada com a beleza, mas que me diminui, por ser tão imponente. E aqui, a beleza faz com que eu me sinta acolhida. Fora que achei as pessoas sorridentes, receptivas, não tinha o agravante da língua e nem da documentação, porque tenho cidadania italiana. Um ano e meio depois, a gente se mudou.
 
Qual a principal diferença que você sente entre o Rio, onde morava, e Cascais?
A paz é o que muda tudo. Ter paz a qualquer momento do dia, da noite, em qualquer circunstância. Aqui as regras são muito claras, as pessoas não querem ter problema porque dá trabalho ter ou causar problema. Todo mundo vai só até o limite do que pode ou não. E eu adoro limite. Sou virginiana, gosto de cercas, listas, de coisas organizadas. Aí sei onde estou pisando. Nada como viver em sociedade em um lugar onde as pessoas conhecem seus direitos e cumprem seus deveres.
 
Existe ainda alguma possibilidade de você voltar para Brasil? E se te chamarem para algum trabalho por lá?
Nenhuma. Se me chamarem, vou, trabalho e volto.
 

 
Em menos de cinco meses morando em Portugal, você virou apresentadora de um programa de televisão local. Como aconteceu o convite para fazer o Like Me, na TVi?
Fui ser jurada de um programa de dança. Foi superlegal, foram supergentis, fiz mil gracinhas, sambei com eles. Nesse dia, a diretora de conteúdo já me cruzou no corredor e se apresentou. Depois de três semanas, fiz participação em outro programa que passa pelas manhãs, tipo Fátima Bernardes. Nessa vez, me pegaram no corredor e me levaram para o escritório do diretor. Ali, ele já me falou que queriam trabalhar comigo. Falei: ‘novela, só se for participação, não faço novela inteira’. Tinha acabado de chegar com as crianças, já não fazia novela no Brasil, porque precisa de uma disponibilidade que eu não tenho. Ele perguntou o que eu faria, eu disse que não sabia, mas pedi pra ele dar uma olhadinha em meu canal no YouTube, ver o público com quem eu falo, como me comunico. Acho que ele fez isso e aí me chamou para o Like Me, que tem a minha cara.
 
Você comanda o programa com Ruben Rua, a quem chama de “colírio”. Não deu outra, os fãs começaram a shippar. Como vocês lidaram com isso?
Muito bem. Não é a primeira vez que trabalho com uma pessoa bonita e interessante. E tem uma coisa engraçada, que é mais cultural. As pessoas ficam querendo arrumar alguém pra outra, principalmente porque do outro lado, ele [Scooby] já tem alguém. A mulher fica nesse lugar vitimizado, de quem ficou com os filhos. As pessoas ficam querendo “ajeitar a sua vida”. Eu e Ruben sempre tivemos uma cumplicidade e intimidade muito grande. Somos muito amigos, o namoro dele é recente e eu sei tudo. Ele também sabe tudo do meu novo namoro.
 

 
Além do Like Me, você estreou o Luana é de Lua, no canal E!, no Brasil. Se encontrou como apresentadora?
Me achei demais e me achei dentro da empresa E!, porque é um lugar onde as mentes são mais abertas. Existe um lugar difícil relacionado a quem manda e quem é subalterno no Brasil, que as pessoas não têm controle. Só vou conseguir trabalhar sabendo que todas as pessoas ao meu redor estão felizes, tendo condições justas de trabalho, que ninguém trata mal ninguém.
 
O Luana é de Lua teve temas como monogamia, casamento, fantasia sexual, identidade sexual. Qual foi seu maior aprendizado nas gravações?
Continuo achando que é muito bom dividir experiências. Quando a gente divide, multiplica. Mas tem que ser pelo viés da verdade. Eu vivi situações reais dentro de cada assunto, sem glamourizar. Acho que esse é o trunfo, o assunto tem mais relevância, as pessoas acreditam mais.
 
Vai ter nova temporada?
Era pra ter já, mas é que nosso presidente, [Jair] Bolsonaro, está com probleminha com a Ancine. Ele está só querendo fechar a Ancine...
 
Você também estreou agora o filme A Mulher do Marido no Brasil. Como você avalia seus papéis no cinema?
Esse filme é maravilhoso, vocês têm que assistir. Amei fazer. Eu amo fazer cinema. Ano passado tive oportunidade de fazer também meu primeiro filme underground, porque sou muito chamada pra fazer comédias mais comerciais, comédias românticas. Vai ser lançado ano que vem e chama Maior que o Mundo. É pesado, com palavrão, drogas, sexo, assassinato.
 



 

 
Não podemos deixar de falar da sua separação de Pedro Scooby, que todo mundo acompanhou tanto pelas notícias que saíram na mídia quanto pelas suas redes sociais. Como anda a relação com ele depois de tudo isso?
Eu diria que de 5 a 10 a gente tá 5. A gente já se entendeu mais.
 
A separação ainda dói?
A separação amplia tudo. O que é muito triste é lidar com a frustração de toda aquela expectativa. Ninguém casa pra separar. A gente falava de morrer velhos e juntos. E é uma frustração enorme, não só do sonho não realizado, mas sentir que daquela relação, que era de muito amor, de amor ficou pouco. Não se tem empatia. Acho que é isso que dói. Eu, por exemplo, dou chance a poucas pessoas no planeta de me deixarem tristes. E o Pedro era uma delas. Não que eu não aguentasse esse tranco, já aguentei trancos muito maiores. Mas é de uma pessoa que você não espera, de uma pessoa que era pra te cuidar. Mas eu tenho um sistema de defesa feito a NASA. Logo que aconteceu, já reformulei tudo. “Ok, não vai dar pra ter aquela separação maravilhosa, amigável, que eu achei que fosse ter”. O armário que eu comprei pra ele aqui em casa já sei que vou colocar os brinquedos das crianças. Já entendi, ok. Já reformulei toda a organização interna. Mas eu lamento.
 
Você acha que teve um machismo por parte de algumas pessoas nas redes sociais, que tentaram colocar você e a Anitta [a cantora anunciou nesta sexta-feira (30) que ela e Scooby terminaram] entre uma contra a outra?
Não acho que tem a ver nada com colocar uma contra a outra. Acho que, uma vez que a coisa é pública, as pessoas se posicionam a favor ou contra. É como a política. O que eu acho é que a empatia está escassa, o olhar amoroso está escasso. Acho que esse é o grande problema. Se relacionar é um ato de amor e daí é como se fechasse a torneira, sabe? E eu não entendo isso.
 
Mas você diz isso da parte do Scooby?
É, de todo mundo. Porque quando você casa, casa com os amigos, a família. É um combo. É uma experiência toda nova. Do mesmo jeito que eu nunca tinha casado, eu nunca tinha separado. É tudo muito novo. Mas eu confesso que eu imaginei uma coisa muito diferente do que eu estou vivendo.
 

 

 
Você desabafou no YouTube sobre a viagem que Scooby fez com as crianças para a Califórnia, dizendo que ele não atendia ao telefone e que você ficou sem comunicação com as crianças. Teve gente que te criticou e gente que te apoiou por isso. Existe algum limite para você sobre o que expor nas redes sociais?
Acho que o limite é de cada pessoa. Tem gente que acha que exponho minha privacidade. Mas acho que a minha privacidade ninguém sonha qual é. Minha cartilha é diferente da sua. O que penso é que nenhuma dor tem que ser vivida sozinha. Quando a gente divide, ameniza e é importante as pessoas saberem que isso acontece. E aí, isso vira uma voz. Ué, me expus a minha vida inteira, agora que chegou minha vez vou fazer a boazinha? A minha consciência é falar o que eu acho que precisa ser dito.
 
Mas tanto o vídeo, quanto o que você diz na web deve gerar incômodo do outro lado, imagino...
E...? Cada um cuida do seu incômodo. Ou você acha que eu não estou incomodada? Eu também não estou gostando de um monte de coisa e cada um lida da maneira que pode com o que não está gostando.
 
Como foi a adaptação dos seus filhos em Portugal?
Foi incrível. Dom pedindo, pelo amor de Deus, pra eu não fazer ele tomar sopa na escola, porque não tinha esse costume no Rio. Fomos abrindo um pouco lá, um pouco cá. Mas segurando também, pra ele entender que aqui é um outro lugar, com outros costumes, que a gente precisa abrir mão de coisas, que a vida não é exatamente só o que a gente quer. É importante todo esse exercício.
 

 
Pelas redes sociais, percebemos que você é uma mãe moderna na criação das crianças, certo?
Dou liberdade, mas dou limite. O Dom, por exemplo, é muito maduro, porque a gente sempre teve a comunicação muito forte em casa. Sempre falei claramente tudo o que está acontecendo, o que eu penso, gosto de ouvir o que ele pensa. Eu tenho um vocabulário rico, ele recebe isso. Ele já é uma criança que tem uma maneira de se expressar muito mais madura do que a maioria das crianças da idade dele. Então, cria embates maiores comigo, como se tivesse quase falando de igual pra igual. Mas eu também estou aprendendo. Ele é meu primeiro filho e eu digo pra ele “você que me ensina a ser mãe”.
 
Os gêmeos ainda são pequenos, mas como o Dom lida com ter uma mãe atriz e apresentadora e um pai surfista? Como não deixar isso subir à cabeça dele?
Colocando ele no seu devido lugar quando precisa. Uma vez ele falou: “sou famoso”. Sentei com ele e falei: “ok, vamos falar sobre ser famoso, você acha legal?”. E é disso que eu falo. Quando você troca intimamente, a criança capta. A gente faz questão de que ele entenda que ser comum é mais especial do que você querer se separar do todo. Não que ser único não é ser especial, mas é como você se sente perante aos outros. É bom sentir que você tem os mesmos diretos. O filho da Andréia [funcionária que ajuda Luana nas tarefas domésticas] estuda na mesma escola pública que meu filho, o hospital é o mesmo.
 

 

 
Você controla o que eles têm acesso no tablet, celular e computador? Tem medo de eles verem notícias 'negativas', como aconteceu com o Dom, em ficar sabendo pela internet que o pai estava namorando?
Eles amam o tablet, mas não chegaram nas notícias ainda, gostam de jogos e vídeos. A história do Dom foi uma grande infelicidade, porque o amigo dele tem um celular, controlado pelos pais, mas que  entra no Instagram. Ele viu [a notícia] e mostrou para o Dom. Mas eu sou muito consciente das escolhas que faço, entrevistas que dou, das coisas que digo.
 
Como eles estão lidando com a separação?
Sou muito ciente do que não quero que meus filhos vivam, por isso corto na carne, eu me sacrifico. Mesmo que não esteja achando a situação a melhor do mundo, se está bom para os meu filhos, como diz na ioga, estou respirando na dor. Quando você termina um casamento, principalmente tendo filhos, passa por vários desertos. De divergências de agenda, de divergência de ponto de vista em relação à educação, de programas a serem feitos. É muito mais fácil pra mulher se sacrificar. Eu até acho que nesse ponto é importante, porque de algum jeito alguém tem que se sacrificar. Se não for a mãe ou o pai, vai cair na criança. Enquanto a mãe conseguir fazer isso sem tanta dor, se for pela felicidade dos filhos, a gente faz
 
Mas eles têm noção do que está acontecendo?
O que eu tô me sacrificando, o Dom não sabe. Pra ele tá tudo ótimo. Os gêmeos não sei se ainda se deram conta da separação, porque a gente sempre teve uma vida que o Pedro viajava muito e as crianças dormiam sempre comigo no quarto. Pedro não cabia na cama e tinha que dormir no quarto do Dom. Então, para as crianças não é tão estranho estarem dormindo comigo, o pai estar fora... O Dom que tem o entendimento mesmo, que papai e mamãe não namoram mais, se separaram, mas que a gente se ama, é família e é isso.
 
Você assumiu recentemente o namoro com o jogador de basquete israelense Ofek Malka. Como isso aconteceu?
É tudo tão novo. O que posso te dizer é que, às vezes, Deus manda um anjo pra te dar colo e você nem pediu. Nunca estava esperando. O conheci em Ibiza (na Espanha), um lugar onde a diversão é número um, são essas coisas que a gente não explica. Você se sente bem, a pessoa se sente bem e quando se separa dá vontade de se ver em uma hora. Fui vendo a iniciativa, atitude e coragem que ele tem aos 23 anos. Deu três semanas e ele não queria parar de falar comigo e disse que estava vindo me ver. E veio! Foi maravilhoso, porque a gente conviveu mais.
 
Como é namorar agora, depois de um casamento de oito anos e três filhos?
Maravilhoso, mas é só isso. Eu só vou namorar. Não tem parte ruim, não tem casamento.
 


Mas você não pensa em se casar de novo?
Não. Não casei com Pedro no papel, mas teve festa, pastor, vestido, padrinhos... Mas não quero mais. Uma coisa que meus 43 anos me trouxeram é o entendimento do hoje. Tô vivendo o hoje. Não tô pensando no que a gente vai estar fazendo daqui um ano ou se eu já tenho filhos e ele não.
 
Os seus fãs aprovaram o novo relacionamento e encheram a página do Ofek de elogios. O que achou disso?
Bom gosto, eu tenho. Bom gosto me é peculiar [risos]. Olho nossas fotos e fico derretendo.
 
O que vem de novo por aí? Vi que você tem um projeto com o Ruben Rua para depois do Like Me. Do que se trata?
Convidei ele pra me dirigir. Ele nunca dirigiu nada, mas o olhar dele é límpido e artístico. A gente se dá muito bem e ele tem muito bom gosto. Quero cantar e contar histórias entre uma música e outra. Uma coisa pocket, de uma hora e meia. Não sou cantora, mas eu canto. Em outubro a gente vai sentar e decidir as músicas, pensar no arranjo. Vou fazer aula de canto. Vão ser músicas que todo mundo conhece. Quero que seja num lugar pequeno, onde você senta, toma uma bebida. Vai ser quase um cabaré, mas com uma pegada mais teatral.
 
Você acabou de completar 43 anos. Qual avaliação faz da sua vida até aqui?
Estou cada vez melhor. O céu é o limite mesmo. De alguma maneira, com a criação que tive, as oportunidades que me apareceram e com alguma coisa que é minha, genuinamente, consegui entender que eu tinha que me fortalecer pra usufruir dessa vida que eu ganhei. E eu fui atrás dos meus sonhos muito nova, nunca tive medo de dizer não, porque sempre confiei demais no meu taco. E aí fui pra terapia. Fiz 10 anos de terapia, 12 de psicanálise. Fui fazer faculdade de mim mesma, descobri minhas ferramentas e aprendi a trabalhar com elas.
 
Cabelo: Celia Silva
Maquiagem: Ligia Bento
Figurinista: Ana Melo
Looks: Casa Pau Brasil
Agradecimento: Brasileiros Tours - GuiaBrasileiroPortugal.com

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