30/08/2019 às 13h32min - Atualizada em 30/08/2019 às 13h32min

Mãe de bebê abandonado em São Gonçalo presta depoimento

Mulher afirma que deixou o bebê para que alguém achasse e cuidasse da criança

Vitor d Ávila
Ofluminense
Marcelo Feitosa

A mãe do menino "Pedro", encontrado abandonado na última terça-feira (27), no bairro Porto da Madama, em São Gonçalo, foi localizada, na manhã desta quinta-feira (29). Ela prestou depoimento na 73ª DP (Neves).

Na chegada à delegacia, a mulher, que tem 23 anos, aparentava tranquilidade e perguntou se precisaria de um advogado. Quando questionada sobre o porquê de ter abandonado o bebê, ela simplesmente respondeu: "não sei".

Em depoimento, a mulher afirmou que não tinha a intenção de matar a criança, mas sim de "se livrar" dela, pois ela teria problemas financeiros e outros três filhos para cuidar. Ela declarou que o objetivo de deixar o menino naquele lugar era para que alguém achasse e cuidasse dele e sabia que o carro, sob o qual deixou o bebê, estava abandonado e não o atropelaria.

A jovem informou também que, a princípio, não percebeu a gravidez e que há pouco tempo sofreu um aborto espontâneo, por isso acreditava não estar grávida. No entanto, poucos dias antes do abandono da criança, sentiu muitas dores, que imaginou serem cólicas normais. Ela disse que o parto aconteceu no interior de sua casa, na noite anterior à manhã em que Pedro foi encontrado e nessa hora demonstrou certo arrependimento por ter abandonado o menino.

A mulher alegou que mora de favor na casa de familiares e não sabe quem é o pai da criança. Parentes dela já foram ouvidos pela Polícia Civil e todos alegaram não terem percebido a gravidez da jovem. A mãe do menino, após o depoimento, por volta de 11h40, foi conduzida ao Instituto Médico Legal (IML) de Tribobó, também em São Gonçalo, para fazer exame de corpo de delito com o objetivo de comprovar os fatos apresentados por ela.

De acordo com a delegada Carla Tavares, titular da distrital, a jovem foi liberada após a realização do procedimento médico e responderá em liberdade pelo crime de abandono de incapaz. A policial informou que o inquérito foi encerrado e será encaminhado ao Ministério Público (MP). Como a mulher alegou que não desejava a morte da criança, não será atribuído a ela o crime de tentativa de homicídio.

"Ela não tinha a intenção que a criança morresse, então não há tentativa de homicídio. O Ministério Público vai avaliar se é necessária a prisão, pois há o crime de abandono de incapaz, que prevê pena de até 4 anos de prisão. As investigações estão encerradas", disse.

Ainda segundo Carla Tavares, como a jovem não demonstrou interesse em reaver a guarda da criança, a tendência é que Pedro seja encaminhado à adoção pelo Conselho Tutelar. O órgão irá acompanhar a família para avaliar se os demais filhos correm algum risco de abandono.


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