26/08/2019 às 15h36min - Atualizada em 26/08/2019 às 15h36min

Os problemas ao treinar com tempo seco e 7 dicas para minimizar prejuízos

uol.com.br - Fausto Fagioli Fonseca
Com a baixa umidade do ar o desempenho físico reduz e é comum o atleta sofre um cansaço precoce - Imagem: iStock
A baixa umidade relativa do ar costuma ser mais acentuada no centro-oeste, sudeste e sul do Brasil entre o inverno e início da primavera. Nessa época, é comum as pessoas apresentarem problemas como pele ressecada, complicações alérgicas e respiratórias (devido ao ressecamento das mucosas) e irritação nos olhos.
 
Além disso, o tempo seco gera grande impacto na prática de atividades físicas, sobretudo em esportes ao ar livre e quando a umidade está abaixo do considerado ideal pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que é de 40% a 70%.
 
"Abaixo dessa faixa, o atleta pode sentir um cansaço precoce e excessivo para uma intensidade de exercício que normalmente tolera bem em condições climáticas mais favoráveis", esclarece Gustavo Starling Torres, médico do esporte e coordenador da SBMEE (Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte). Um dos motivos para essa possível queda de desempenho vem do esforço do organismo em controlar sua temperatura, já que o suor evapora mais rapidamente com a baixa umidade.
 
Respiração prejudicada
 
Outro fator que tende a afetar seu desempenho no treino quando o tempo fica seco é a dificuldade enfrentada pelo sistema respiratório em umidificar o ar antes de chegar aos alvéolos dos pulmões, onde ocorre a troca gasosa --o oxigênio entra no sangue e o gás carbônico é eliminado. Com a baixa umidade, esse processo se torna mais trabalhoso para o organismo e há elevado gasto energético para aumentar a umidade dentro do pulmão.
 
"No exercício, a frequência da respiração aumenta, pois o organismo necessita de mais oxigênio para realizar o trabalho muscular. Se o ar está muito seco, o sistema respiratório tem que trabalhar ainda mais para umidificar o ar e suprir a demanda", detalha Ubiratan de Paula Santos, pneumologista do Incor (Instituto do Coração).
 
As dificuldades em manter a prática sem queda de desempenho podem ser ainda maiores nas grandes cidades, já que a poluição também dificulta a respiração. "Quando a umidade está baixa, aumenta a permanência e a concentração dos poluentes no ar. No exercício, como é preciso de mais oxigênio, inala-se mais poluentes, o que leva à inflamação pulmonar, que se expande para o sistema sanguíneo".
 
Em atividades intensas nessas condições, esse processo inflamatório torna mais sentida a queda de desempenho.
 
7 cuidados ao treinar com baixa umidade
1. Capriche na hidratação
Para facilitar o trabalho do corpo quando a umidade está baixa é importante estar mais atento ao consumo de água, sobretudo durante atividades físicas. Portanto, procure se hidratar bem ao longo do dia e antes, durante e depois do treino.
 
2. Invista em cremes hidratantes
Como resseca, a pele é outra parte do corpo que costuma sofrer bastante com a baixa umidade. "Para evitar ou aliviar coceiras e irritações comuns nessa época, use loções e cremes hidratantes", indica Juliana Toma, dermatologista pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e especialista em oncologia cutânea pelo Hospital Sírio Libanês.
 
3. Evite o horário de rush
Quanto mais baixa a umidade do ar, mais os poluentes se acumulam na atmosfera, prejudicando a respiração e o desempenho. Prefira treinar em horários alternativos, como antes das 7h ou após 20h, e o mais longe possível de avenidas movimentadas. Além disso, nesses momentos a umidade do ar tende a ser um pouco maior do que no meio do dia.
 
4. Cuidado com parques
O que poucos sabem é que nos parques, ao longo do dia, há maior concentração de ozônio --gás tóxico que provoca irritação nos olhos e vias respiratórias, diminuindo a capacidade pulmonar. "O ozônio rapidamente reage com os poluentes dos carros. No parque, porém, ele não reage e permanece mais tempo no ar", explica Ubiratan.
 
5. Use protetor solar
Por mais que os dias sejam frios nessa época do ano, proteger a pele ao treinar ao ar livre é essencial. Prefira os protetores que sejam também hidratantes.
 
6. Reduza a intensidade
Quem treina em ritmo leve não costuma sofrer tanto os efeitos do tempo seco. Já os que treinam com foco no desempenho tendem a sentir mais dificuldade. Portanto, quando a umidade estiver muito baixa, procure reduzir um pouco a intensidade do exercício ou faça a atividade física em ambientes controlados (academia).
 
7. Invista no soro e no colírio
A baixa umidade do ar é propícia para ressecamento não só da pele, como também das mucosas. Portanto, utilize soro fisiológico para lubrificar as vias aéreas e reduzir incômodos respiratórios.

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