22/08/2019 às 11h04min - Atualizada em 22/08/2019 às 11h04min

Miá Mello expõe desafios de ser mãe: “Quero uma menina forte e um menino sensível”

A atriz afirma que tem conversado com sua Nina sobre nunca acreditar no que os outros dizem que ela pode ou não fazer e sonha com um menino, Antonio, que goste de balé, cor de rosa e laços

revistamarieclaire.globo.com – Felipe Carvalho
Miá Mello (Foto: Arquivo pessoal)
Miá Mello está em sua segunda experiência maternal e engana-se quem pensa que “agora ela tem ‘tirado tudo de letra’” porque a vida real não é bem assim. A mãe de Nina e Antonio, de 10 e 2 anos, respectivamente, lembra que era a única de ‘segunda viagem’ em um cursinho para mães e salienta que esta diferença de épocas em que seus filhos nasceram já faz toda a diferença na criação deles.
 
A atriz diz que se esforça muito para não ter uma distinção entre a educação de uma menina e um menino porque este é um dos pilares de sua casa: não ter distinção de raça ou gênero. Ela explica que sempre deixou bem claro para Nina que ela pode fazer tudo o que quiser, contanto que tenha responsabilidade.
 
“Ela é uma menina ativa, inteligente, que ama jogar futebol. Quando ela mudou de escola, não tinha um time feminino e as meninas só podiam usar a quadra a cada 20 dias, então falei ‘filha, vai lá e lute pelos seus direitos’. Quando estava grávida do Antonio, estava tranquila porque tinha certeza que era uma menina. Depois descobri que não era e pensei ‘e agora?’. Pensava que é lindo criar uma menina forte, poderosa, empoderada, que sabe o que quer, é algo admirado por boa parte da sociedade. Fiquei com medo do desafio de criar um menino sensível, que goste de balé, que use laços, rosa, que pinte a unha, que são coisas que eu quero usar na educação dele, da mesma forma que fiz com a Nina. Quero que ele saiba que pode fazer tudo o que quiser e puder”, conta.
 
Para isso, Miá sabe que pode contar com a parceria – e não ajuda, como ela prefere salientar – do maridão, Lucas Melo, que está sempre por perto para dividir as responsabilidades com o filho e com a enteada. A atriz enche a boca para dizer que ele é extremamente sensível, feminista, escuta mais do que fala e tem uma inteligência emocional incrível.
 
“O Lucas é muito meu companheiro. Foi muito dolorido quando ele foi chamado para trabalhar em São Paulo porque sempre segurou todas as ondas de trabalho para mim e eu o incentivei a ir para lá. Foi duro porque ele é um cara que está o tempo inteiro pulsando na minha vida. É meu companheiro, alguém com quem eu falo ao final de todos os meus dias para contar o que aconteceu, faz absolutamente as mesmas tarefas que eu faço e acho muito primitivo quando escuto de alguém que o marido não troca fraldas, por exemplo. Eu fico chocada! Como a mulher não grita? Eu não poderia ter um outro marido que não fosse o Lucas, senão eu ia tocar o terror e não viveria pacificamente. Fico indignada quando escuto isso”, expõe.
 
Ela confessa que tem medo de falar sobre o lado ruim da maternidade por conta dos julgamentos que podem recair sobre suas palavras, mas comenta que se sente insegura e segura ao mesmo tempo. A mamãe acredita tem uma grande responsabilidade ao criar um ser humano para o mundo.
 
“A educação é a longo prazo, baseada em exemplos, você tem de se esforçar para ser um bom exemplo para seus filhos, então tudo isso dá muito trabalho. Fico pensando ‘que tipo de seres humanos eu vou deixar para viverem e voarem para longe de mim?’ Sinto muito orgulho deles e acho que são bem fincados nos valores que eu passei. Acho que, no fundo, estou fazendo um serviço de libertação às outras mulheres para poderem falar também. Saio do meu olhar autocentrado, pois se eu puder ajudar uma pessoa, já vai ter valido a pena. Todo mundo vai julgar mesmo, toda mãe passa por isso. Então se eu puder ajudar, já vai ter valido a pena.”
 

Lucas Melo com Antonio e Nina - e os doguinhos da família (Foto: Reprodução/Instagram)
 
Mãe Fora da Caixa
Este título aqui acima poderia ser um adjetivo para resumir como Miá tenta criar seus filhos, mas é o nome do espetáculo que ela tem apresentado no Rio de Janeiro desde julho no Teatro Fashion Mall. O monólogo, com texto de Pablo Sanábio, surgiu dos escritos do livro de Thaís Vilarinho que relatam a dura história de uma mãe que não tem medo de falar sobre os diversos dilemas que envolvem a maternidade, sempre com uma boa pitada de leveza e bom humor.
 
“A arte ajudou a digerir e a entrar em contato com questões dos primeiros meses da minha segunda maternidade que foram muito íntimas e reveladoras. Tive um início de puerpério muito difícil que foi ofuscado pela volta ao trabalho. Estava com uma peça que fazia um grande sucesso na época e viajei todos os finais de semana dos 2 aos 8 meses do Antonio. Pela primeira vez, eu comecei a ver tudo sem cor e nunca tinha sentido isso. Parecia que eu estava num vácuo. Rapidamente procurei ajuda, a terapeuta nunca me avisou que eu estava no puerpério e me perguntei se estava numa depressão pós-parto. É um sentimento muito complicado... acho que todas as minhas experiências foram curadas pelo palco. É uma experiência recíproca”, relata.
 
E por falar em trabalho, ser mulher significa ser profissional, mãe, mulher e esposa, tudo isso ao mesmo tempo e sem direito a dar foco para cada um particularmente. Este é um dos maiores desafios da atualidade, segundo Miá. De todo modo, ela deixa bem claro que não está nem um pouco a fim de usar uma capa de super-heroína e prefere dividir as responsabilidades com o marido.
 
“É um grande desafio. Cada vez mais a gente tem de clamar e urrar por ajuda e não achar que temos de fazer tudo sozinha. Eu, absolutamente, não quero a capa da super-heroína e peço ajuda. Acho que sou humana, fico cansada como todo mundo e, apesar da grande evolução da paternalidade, do empoderamento da mulher, da saída da sombra da mãe, já demos grande passos, mas quando ‘o bicho pega’ sempre é para a mãe. Não tenho dúvida disso. Isso não mudou. Converso todos os dias com meu marido, quando acho que estou sobrecarregada, acho que está sobrando para mim, ele é supermaduro emocionalmente, me escuta e reflete. Depois traz uma reflexão com um pouco mais de calma, pois precisamos falar e não fazer tudo sozinhas”, desabafa.
 

Nina, Antonio e Miá Mello (Foto: Arquivo pessoal)
 

Miá Mello e Lucas Melo (Foto: Arquivo pessoal)
 

Miá Mello e Lucas Melo encantados com o nascimento de Antonio (Foto: Arquivo pessoal)
 

Miá Mello amamenta Antonio ainda bebê (Foto: Reprodução/Instagram)

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