26/02/2019 às 13h21min - Atualizada em 26/02/2019 às 13h21min

Mulher trans é espancada na Cantareira, em Niterói

Vítima contou que agressores quebraram uma cadeira em sua cabeça

Matheus Falcão
Ofluminense

Uma mulher trans sofreu uma tentativa de homicídio na Praça Leoni Ramos (Cantareira), no bairro de São Domingos, em Niterói, na noite deste domingo (24). Lua Guerreiro, de 25 anos, contou ter sido espancada de forma covarde por um grupo de vários homens.

De acordo com a vítima, eles desferiram golpes, a derrubaram e ainda quebraram uma cadeira em sua cabeça. Bastante machucada, Lua foi socorrida para o Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal), no Fonseca.

E, um vídeo divulgado nas redes sociais, a vítima, que sangrava enquanto era levada para o hospital em uma ambulância, relatou que a confusão se iniciou quando o vendedor de uma barraca, que atende na região, se recusou a emprestar um isqueiro a ela.

Os agressores, que estavam próximo ao local, aproveitaram o momento da confusão para xingarem e agredirem Lua. Ela acredita que a agressão foi motivada pela transfobia ( violência marcada pela discriminação do gênero).

Em uma postagem nas redes sociais, a vítima contou estar com medo e indignada com o ocorrido.

“Nesse momento ainda me vejo em choque tentando entender o motivo... tentando procurar, de alguma forma, um sentido em tudo isso, mas sei bem que se eu fosse uma branca cisgenera não estaria voltando pra casa com a cabeça enfaixada, toda ensanguentada e com um sentimento de insegurança constante.Tenho medo pela minha vida, tenho medo pelo vida de minhas iguais e, cada dia mais, minha sede de justiça se torna mais forte e necessária.” disse

Como se não bastasse o ocorrido, Lua ainda contou que foi mal tratada por policiais e se tornou alvo de piadas tanto dos agentes quanto de funcionários que a atenderam no hospital.

“Fui mal tratada por alguns policiais que fizeram piadas. No hospital Azevedo Lima, uma enfermeira fez piadas com meu nome social, me tratou no gênero errado e discutiu com minhas amigas que tentaram me defender. Tive que ficar na delegacia ao lado de alguns dos meus agressores, intactos, rindo, descontraídos enquanto eu e minhas amigas -traumatizadas, sujas do meu sangue pelo corpo inteiro- sentavamos lá esperando por horas pra prestar nosso depoimento” contou

Lua Guerreiro foi uma das roteiristas negras que teve o projeto escolhido para participar dos encontros da Festa Literária das Periferias (Flup).

Procurado, o 12ºBPM (Niterói), responsável pelo policiamento na região, por meio de nota, disse não ter sido acionado para esta demanda.


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