Um experimento mostrou que indivíduos se sentiam mais felizes quando gastavam US$ 40 (R$ 125) para ter mais tempo à disposição - como, por exemplo, pagando alguém para cuidar de determinadas tarefas domésticas, como cozinhar ou fazer faxina - em vez de gastar dinheiro em bens materiais.
Psicólogos explicam que o estresse por conta da falta de tempo reduz o bem-estar e contribui para a ansiedade e a insônia. Ainda assim, eles dizem que até os mais ricos em países como EUA, Canadá e Holanda são relutantes em pagar pessoas para fazer trabalhos que não gostam de fazer.
"Em uma série de questionários, descobrimos que pessoas que gastam dinheiro para comprar mais tempo livre são mais felizes, ou seja, se sentem mais satisfeitas", disse Elizabeth Dunn, professora de psicologia da Universidade de British Columbia, no Canadá.
O aumento da renda em vários países provocou um novo fenômeno. Da Alemanha aos Estados Unidos, as pessoas relatam a constante falta de tempo e consequente estresse por realizar tarefas diárias no prazo.
No estudo, que envolveu especialistas de três países, 6.271 adultos dos Estados Unidos, Canadá, Dinamarca e Holanda, incluindo 818 milionários, responderam uma enquete sobre o quanto gastam para comprar tempo.
Os pesquisadores descobriram que menos de um terço dos indivíduos gastava dinheiro com esse propósito a cada mês. E os que faziam isso relatavam maior satisfação com a vida do que os demais.
Em seguida, 60 trabalhadores adultos de Vancouver, no Canadá, participaram de um experimento de duas semanas.
Na primeira, os participantes puderam gastar US$ 40 (R$ 125) na compra de algo que lhes salvaria tempo. Eles usaram o dinheiro para ter o lanche entregue no trabalho ou pagar por serviço de limpeza. No final de semana seguinte, eles puderam gastar a mesma quantia em bens materiais, como vinho, roupas e livros.
A pesquisa, publicada nesta segunda-feira no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences, descobriu que poupar tempo trazia mais felicidade por reduzir o sentimento de estresse.
'Segundo turno'
"O dinheiro de fato pode comprar tempo. E compra tempo de forma bem eficiente", disse Dunn, que trabalhou com colegas da Harvard Business School e da Universidade de Maastricht.
"Então, a principal mensagem é, 'pense sobre isto, há algo que você odeie fazer e você poderia pagar alguém para fazê-lo para você?' Se a resposta é sim, então a ciência diz que é uma boa forma de usar o dinheiro".
Os psicólogos dizem que o estudo pode ajudar aqueles que se sentem obrigados a fazer um "segundo turno" de tarefas caseiras quando voltam do trabalho.
Pesquisas anteriores já tinham mostrado que pessoas que priorizam o tempo em vez do dinheiro tendem a ser mais felizes do que aquelas que priorizam o dinheiro sobre o tempo.