02/08/2018 às 15h46min - Atualizada em 02/08/2018 às 15h46min

Um chá quentinho ajuda na digestão, mas não tome a bebida logo após comer

vivabem.uol.com.br - Chloé Pinheiro
Os chás ajudam a digestão, mas também podem prejudicar a absorção de nutrientes / Imagem: iStock
Tomar chá antes, durante e depois da refeição --especialmente o verde -- é um costume milenar em muitos países do Oriente. Além de tradicional, o hábito pode dar uma mãozinha para a digestão. O benefício vem em parte pelo líquido em si, que ajuda o organismo a processar o alimento, e também dos componentes presentes nas plantas.
 
“Muitos possuem propriedades digestivas, como flavonoides e substâncias com ação específica nesse sistema”, destaca Daniela Lima, farmacêutica da USP (Universidade de São Paulo), residente em práticas integrativas da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. “Mas o ideal é esperar uma hora depois de comer para tomar a bebida, pois alguns estudos mostram que o chá pode inibir a absorção de alguns nutrientes”, complementa.
 
No caso do chá-verde, algumas substâncias podem atrapalhar o aproveitamento do ferro das refeições, o que é ruim para pessoas com anemia ou tendência a ter o problema. Mas, se respeitada essa janela de tempo, há vantagens interessantes.
 
O poder do chá-verde
Um artigo publicado no The Journal of Nutritional Biochemistry analisou outros 58 estudos e concluiu que o chá-verde e suas catequinas reduzem a absorção de gorduras no intestino.
 
Fora isso, as mesmas catequinas e outros polifenois presentes na bebida atuam ainda para reequilibrar a glicose e o colesterol em circulação pelo corpo. E, por último, esse grupo de compostos diminui a irritação do intestino, pois têm ação anti-inflamatória. São efeitos relacionados à qualidade da digestão e bem-vindos para quem está acima do peso, pois o excesso de quilos favorece os problemas descritos acima.
 
Agora, dizer que ele emagrece não dá. Esclarecemos: o chá-verde até tem poder termogênico, por causa da cafeína, que acelera o metabolismo, mas o aumento no gasto calórico é discreto. “Não adianta tomar chá e não manter uma boa alimentação”, ressalta Clarissa Fujiwara, nutricionista da Abeso (Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica).
 
Lembrando que, por causa da cafeína, algumas pessoas devem consumir o chá-verde com moderação. “Quem tem gastrite podem ficar com o estômago muito sensível à ingestão de cafeína e apresentar sintomas como queimação”, aponta Fujiwara.
 

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O chá de alecrim tem substâncias que ajudam a digestão / Imagem: iStock
 
Outros chás repletos de benefícios
Muitas ervas, velhas conhecidas da sabedoria popular, também atuam na digestão. E, aliás, têm efeito até mais reconhecido nesse departamento. “Alcachofra, boldo, erva-doce, carqueja, espinheira santa, gengibre, hortelã, menta e alecrim são variedades que merecem destaque”, aponta Luna Martins, nutricionista da clínica Nutrindo Ideias.
 
Chá de louro, alcachofra capim santo, cúrcuma, dente de leão, melissa e macela têm ações que variam do antiácido ao alívio dos gases, passando pelo combate àquela sensação de barriga cheia e desconforto.
 
Mas saiba que o chá não deve ser remédio para problemas de digestão constantes, apenas para incômodos que aparecem vez ou outra. "Se o desconforto for recorrente, é preciso descobrir o que está causando isso, pois muitas vezes é preciso mudar hábitos e até tomar medicações para resolver a situação”, alerta Fujiwara.
 
8 cuidados para escolher e tomar um bom chá
 
1. Observe se na embalagem do chá há o nome científico da planta para identificar se é a espécie correta para consumo.
 
2. Procure orientação profissional para saber a dosagem e preparo corretos, pois alguns compostos podem ser alérgicos e há contraindicações bem específicas.
 
3. Não é por ser natural que você pode tomar o dia todo e o quanto quiser, cada chá tem sua recomendação de ingestão.
 
4. Grávidas e lactantes não devem tomar chás fitoterápicos.
 
5. Se você for usar a planta fresca, compre de um local de confiança e pergunte a procedência. Se possível, prefira ervas orgânicas.
 
6. Cuidado com mudas encontradas na rua ou em locais em que as condições de cultivo sejam suspeitas. Nesse caso, o ideal é replantar em casa e aproveitar a segunda geração.
 
7. Para flores e folhas frescas, ferva a água, desligue e só então coloque as ervas e abafe por aproximadamente dez minutos.
 
8. Para raízes e cascas, é preciso fazer uma decocção: coloque na água e deixe fervendo durante cinco a dez minutos.

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