02/08/2018 às 09h25min - Atualizada em 02/08/2018 às 09h25min

Delator relata represálias de distribuidoras por não aceitar definição de preços nas bombas em Curitiba.

Dono de sete postos, homem afirma que preço de custo aumentava para quem não compactuasse com esquema. Operação prendeu oito funcionários de três distribuidoras.

G1 Paraná

Dono de sete postos de combustíveis, Fabiano Zortea, delator na Operação Margem Controlada, que prendeu oito funcionários de distribuidoras na terça-feira (31), afirmou que sofreu represálias por não compactuar com a definição de preços nas bombas por parte dos funcionários das empresas.
 

"Ou você faz o que ele [funcionário da distribuidora] quer ou sobe R$ 0,09 no custo", disse.

 

Ele teve a delação homologada pela Justiça em junho. Com base no depoimento de Zortea, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) e a Polícia Civil investigaram o suposto esquema de definição de preços em Curitiba.

"O preço de bomba não deveria interessar. Se eu quiser vender a R$ 1 ou a R$ 10. Ela [distribuidora] te impõe ir para onde quer que você vá", contou o delator.

Zortea levou ao MP e à polícia gravações de conversas com funcionários de distribuidoras, notas fiscais e documentos, que, segundo ele, comprovam a prática que diz ter deixado de aceitar há três anos.

De acordo com o delator, uma empresa terceirizada era contratada para que motoboys fiscalizassem diariamente nos postos fotografando os preços para o controle do suposto esquema.

Conforme o MP-PR, as distribuidoras que suspeitas de integrar o esquema são BR Distribuidora, a Raízen (licenciada da marca Shell) e a Ipiranga, prejudicando a livre concorrência e controlando o lucro dos postos.

"A partir do momento que você, de forma artificial, controla os preços, você impede a concorrência. Impedindo, o maior prejudicado é o consumidor", afirma o promotor Maximiliano Deliberador.
 

O que dizem as distribuidoras

A Ipiranga informou que está analisando o inquérito e vem prestando apoio aos funcionários que estão presos. A empresa afirmou ainda que pauta sua atuação pelas melhores práticas comerciais e concorrenciais e que o preço final é livre por lei.

A licenciada da marca Shell afirmou que entende ser improvável que a investigação revele qualquer desvio de procedimento ou conduta e que os preços nas bombas são definidos exclusivamente pelo revendedor.

A BR Distribuidora declarou que opera em regime de livre iniciativa e concorrência, em que cada revendedor é livre na determinação do seu preço. Afirmou ainda que não compactua com práticas ilegaisi e que preza pela transparência e ética em todas as suas ações.


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