Patinetes elétricos não são uma novidade. Há uma série de modelos à venda no Brasil, com preços que começam em aproximadamente R$ 900. Mas uma nova tendência está se alastrando pelos Estados Unidos: usar scooters motorizados como transporte compartilhado, a exemplo do que fazemos com Uber e Cabify. A própria Uber é uma das marcas que está à frente do movimento, tendo investido um valor "considerável" na Lime, empresa que oferece passeios em patinetes e bicicletas elétricas.
A Lyft, que também oferece carro compartilhado e atua nos EUA e Canadá, acaba de anunciar que o app vai oferecer essas mesmas opções de veículo "em breve". As companhias não estão sozinhas – apenas no Vale do Silício, 11 empreitadas disputam o novo mercado. Conheça mais sobre a febre dos patinetes a motor e veja como eles estão mudando o cenário de transporte compartilhado na América do Norte.
Os serviços que mais se assemelham ao compartilhamento de patinete elétrico no Brasil são as bicicletas do Bike Rio e Bike Sampa, em que o cliente pega o veículo, usa por um tempo e depois devolve, pagando um valor determinado. Mas há uma série de características que mudam a forma como as scooters estão sendo usadas pelos americanos.
A principal delas é o fato de não haver um local específico para pegar ou deixar o transporte. Basta que o usuário prenda-o em um estacionamento de bicicletas público e indique o local no app. Esse aspecto é, inclusive, um dos grandes apelos dos patinetes compartilhados, frequentemente referidos como "dock-free". A característica também é uma das principais causas de transtorno para as cidades, causando congestionamento nas calçadas.
Por conta do problema, a cidade de São Francisco, que deu origem ao fenômeno e onde se concentra a maior parte das scooters do tipo, proibiu temporariamente a circulação dos patinetes. Uma nova lei local, em vigor desde 4 de junho, passou a exigir que as empresas peçam permissão para colocar seus sistemas motorizados para rodar. Desde março, Bird, Lime e Spin, os maiores nomes do segmento, estavam com os veículos em circulação sem licença.
Onze companhias (Uber/Jump, Lyft, Skip, Spin, Lime, Scoot, ofo, Razor, CycleHop, USSCooter e Ridecell) solicitaram licenças para operar na cidade. A Agência Municipal de Transportes concederá autorização para apenas cinco empresas durante o programa piloto, que terá duração de 24 meses. Nesse período, 2.500 patinetes poderão circular, mas ainda não se sabe qual a distribuição por companhia.
Segundo o site TechCrunch, as empresas que receberem a concessão terão que pagar um valor anual de US$ 25 mil (R$ 96 mil, em conversão direta), além de uma taxa de manutenção e reparo de propriedade pública no valor de US$ 10 mil (R$ 38.400). As empresas também serão obrigadas a compartilharem os dados de viagem com a prefeitura.
Embora a Califórnia tenha a maior concentração de scooters compartilhadas, elas já são vistas em vários outros estados, especialmente em Washington D.C., Texas e Carolina do Norte. Cada local tem trabalhado na própria legislação, alterando aspectos como limite de velocidade, número de veículos e regulamentações sobre local de estacionamento.
E a recarga?
Se as patinetes são elétricas e compartilhadas, a primeira dúvida que surge é quem fica responsável por recarregar a bateria. E a resposta é: nenhum cliente. As empresas contam com profissionais autônomos, que trabalham de uma maneira análoga aos motoristas de Uber. Eles recolhem os veículos à noite, recarregam e devolvem às ruas de manhã, recebendo um valor pela atividade.
Cada empresa tem seu próprio sistema de pagamento. A Lime, por exemplo, paga até US$ 12 por scooter, conforme o local em que ela foi deixada pelo usuário. O mesmo tipo de variação é empregado pela Bird, que oferece até US$ 25. Já a Spin paga US$ 5 por cada patinete. Assim, o serviço seria como uma renda extra, tal como é propagandeado pelos aplicativos de carro compartilhado.
Preço
Os clientes, por sua vez, pagam US$ 1 pelo aluguel nos três principais serviços. Na Lime e Bird, são cobrados US$ 0,15 extras a cada minuto. A Spin cobra US$ 1 a cada 30 minutos.
As gigantes por trás dos patinetes
Não é por acaso que o setor viu um "boom" de repente. Gigantes da tecnologia têm investido milhões de dólares nas scooters e bicicletas motorizadas. Além de ter empregado grande quantia na Lime, a Uber adquiriu em abril a Jump, empresa de bikes elétricas, e inclusive já disponibilizou a opção dentro do seu app para alguns usuários selecionados nas cidades de São Francisco, Washington D.C., Chicago, Austin, Sacramento e Santa Cruz. No início de julho, A Lyft anunciou a compra da Motivate, empresa controladora da Citi Bike e outros programas semelhantes em cidades americanas.
Especificações e questões de segurança
Cada modelo tem suas especificações. A Lime-S, por exemplo, anda no máximo 20 milhas (cerca de 32 km), a uma velocidade de 23,8 km/h. A empresa fez uma parceria para trabalhar diretamente com a Segway que, de acordo com o CEO Toby Sun, trará veículos mais seguros e com maior autonomia. Segundo ele, a nova geração de scooters poderá andar até 35 milhas (56 km).
Os índices não são muito diferentes das concorrentes e, segundo a legislação americana, esse tipo de transporte requer licença para dirigir, idade mínima de 18 anos e uso de capacete. Além disso, não é permitido transitar na calçada, apenas na rua ou em ciclovias. No entanto, não há como realizar a confirmação dessas situações a cada aluguel, o que pode representar um grande risco para o próprio usuário e pedestres.
Expansão pelo mundo
É claro que as gigantes estão buscando mercados para além dos Estados Unidos. A Bird está procurando implementar patinetes em toda a Europa, Oriente Médio e África. Enquanto isso, uma fonte do TechCrunch enviou uma foto de um patinete da Lime nas ruas de Zurique, na Suíça.
A chegada em cada região vai depender das legislações locais. No Brasil, os equipamentos usados pela Lime, Spin, Bird e concorrentes são enquadrados como ciclomotor, que exigem CNH na categoria A ou a chamada ACC (Autorização para Conduzir Ciclomotores).