29/06/2017 às 10h49min - Atualizada em 29/06/2017 às 10h49min

Nadine Bastos: Regra Número 5, empatia e 'terceira torcida' nos jogos de futebol

Comentarista de arbitragem dos canais FOX Sports comenta sobre as questões que envolvem a decisão de ingressar na carreira de árbitro de futebol

Nadine Bastos
Já nos habituamos ao fato de ser o futebol uma das paixões nacionais. “Quem nunca sonhou em ser um jogador de futebol...” nos diz o Skank, em um de seus maiores sucessos. Há também uma antiga (e por que não atual?) brincadeira, que aquele que não tem habilidade com os pés, se torna goleiro (embora hoje os goleiros tenham se aperfeiçoado, neste item, pois a dinâmica do jogo tem exigido).
E aquele que é mau goleiro se torna árbitro...
Brincadeiras à parte, tornar-se Árbitro de Futebol é uma oportunidade de estar bem próximo do esporte, mesmo sem possuir habilidade necessária para tornar-se um bom jogador, além da possibilidade de viajar, tanto pelo Brasil, quanto para outros países. Imaginem uma mulher, com todo o preconceito que existe e resolve se tornar Árbitra de Futebol.  Alguns questionamentos ela mesma começa a fazer:
Para tornar-se árbitra precisa amar o esporte; deve gostar de desafios com muita adrenalina; é fundamental que seja uma pessoa bem resolvida e com muita autoconfiança e ter consciência que mesmo fazendo o certo, haverá aqueles que apontarão falhas; sua dedicação deverá ser intensa e nem sempre será reconhecida por isso; o treinamento é constante, intensivo e continuado; saber lidar com a pressão e a emoção, são princípios básicos; em várias oportunidades poderá apitar em estádios com pouca segurança e estrutura adequada; haverá compensações de pisar num gramado com tanta história e sentir toda aquela energia, pode ser indescritível; é preciso coragem, ter atitude e ser fria o suficiente para agir como uma maestrina...
A Regra de Futebol número 5 define que “o árbitro deve tomar as decisões do jogo com o máximo de sua capacidade, de acordo com as regras e o 'espírito do jogo', segundo sua opinião. Em razão disso, o árbitro possui poder discricionário para adotar as medidas adequadas para cumprir a essência das regras do jogo”.
A percepção do árbitro, sobre a atmosfera da partida é fundamental na análise daqueles lances que são interpretativos (segundo sua opinião).
Atualmente com as inúmeras câmeras de televisão em ângulos diferentes, tornam a missão do árbitro ainda mais difícil, pois não tem esses recursos para tomar a sua decisão.
Seria interessante que os aficionados pelo futebol fizessem esse exercício de empatia com a equipe de arbitragem e tentassem entender que os erros não querem dizer, exatamente, que estejam agindo de má fé, como os mais exaltados torcedores costumam referir.
Bom seria que um dia pudéssemos perceber que haveria uma terceira torcida nos jogos: a torcida para e pelos árbitros, com o intuito de motivá-los e reconhecer, que mesmo com todas as dificuldades, existem bons árbitros que, mesmo em profissões diferentes, se dedicam a contribuir com o espetáculo, de maneira segura e discreta.
Eu torço por isso... e você?

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