26/03/2018 às 16h18min - Atualizada em 26/03/2018 às 16h18min

Quer perder o vício em compras? Eu tenho uma solução infalível

ninalemos.blogosfera.uol.com.br - Nina Lemos
“Um ano sem Zara”. Esse era o nome de um blog que fez sucesso anos atrás. A ideia da criadora era sair do vermelho e, por isso, ela fez o sacrifício de passar um ano sem comprar roupa nenhuma, nem sapato, nem uma presilha de cabelo. Na época, há 7 anos, confesso que pensei: “Nossa, eu jamais conseguiria.”
 
A ideia era boa, o título também. Mas hoje acho o fato de considerar um sacrifício REAL passar um ano sem comprar roupa uma piada. Com todo o respeito à criadora do blog, existe coisa mais “classe média sofre” ou “problema de gente branca” do que tachar que ficar um ano sem comprar (e na Zara) é um desafio? Falo com propriedade porque, na época, olhei o blog e pensei: “Nossa, que pessoa corajosa!” Sim, podem rir de mim. Eu mesma rio, na verdade, um pouco (bastante) envergonhada. Mas teve um tempo em que achei que não conseguia viver sem comprar (que ridícula).
 
Vocês me entendam. Eu não comprava coisas caras (nunca tive dinheiro para isso, nem sou tão louca). Mas precisava de uma blusinha aqui, uma coisinha ali etc. E como todo cliché ambulante, usava a torto e a direito a frase: “Eu mereço, eu trabalho muito, eu mereço.”
 
O que talvez eu não soubesse era que eu NÃO MERECIA uma vida onde eu precisava, literalmente, comprar doses de felicidade e pagar (por mais que a mercadoria viesse com desconto).
 
Comprinhas em Miami
A minha ex-mania de comprar hoje me parece ao mesmo tempo assustadora (porque de uns dois anos para cá eu passei a realmente não gostar de entrar em lojas) e leve nesses tempos em que os vídeos de “comprinhas” são uma das manias das garotas na internet. Escreva “comprinhas” no Google e você vai ver uma infinidade de meninas mostrando o que compraram, como compraram e como estava “tãooo barato que elas não aguentaram e levaram quatro.”
 
Esses são os vídeos mais vistos entre os vlogs das youtubers mais famosas, e também das anônimas. Os videos gravados em viagens (onde se faz a festa) chegam a ser chocantes. Em um que assisti, uma Youtuber com mais de 200 mil inscritos mostra suas compras em Orlando. “Comprei eletrônicos, roupa de cama, esses tênis, vale muito a pena, gente!”. Ela mostra o que adquiriu enquanto abre a mala, que, claro, também foi comprada nos EUA.
 
Não sei se hoje as pessoas compram mais ou apenas mostram mais o que compraram, apesar de achar que uma coisa leva a outra. Se você mostra, você compra mais para mostrar, ainda mais se as pessoas, ao invés de acharem que você enlouqueceu, dizem que você arrasou. Quem assiste, claro, também vai querer fazer “comprinhas”. Compro-posto-compro-vejo-existo.” Assim gira a roda.
 
Mas é possível, como no caso de qualquer hábito ruim, quebrar o círculo.
 
Você também pode, irmã!
Não, eu não entrei para uma seita que me fez parar de comprar. Eu não me impus nenhum desafio. Eu quebrei o ciclo. Só isso.
 
Fiquei sem dinheiro, parei de ir a lojas. Não fez falta. Morar em uma cidade em que a sede de consumo é infinitamente menor e o comprar por comprar é visto como coisa de gente meio louca ajudou? Claro, mas não foi isso. O prazer em comprar passou. Perdeu a graça. Essa droga não bate mais.
 
Sabe o que eu acho que aconteceu comigo? Eu esqueci de comprar porque eu estava vivendo. Sério! Fica esse conselho. Se você viajar e andar de bike, sair para dar rolês, for à praia, passear, você não vai nem lembrar que existe uma coisa chamada compra. Funciona. Eu testei. Mas não vou fazer vídeo de tutorial para mostrar. Virem-se! :)

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