29/08/2024 às 11h42min - Atualizada em 29/08/2024 às 11h42min

​Neste Dia Nacional de Combate ao Fumo, Diretor de Cultura de Siqueira Campos conta sobre sua péssima experiência com o tabaco

Isa Machado
O Dia Nacional de Combate ao Fumo é comemorado, no Brasil, no dia 29 de agosto, uma data instituída em 1986 pela lei nº 7488, criada com o objetivo de conscientizar e mobilizar a população sobre os riscos decorrentes do uso do cigarro.
Com objetivo de alertar quanto aos riscos do tabagismo e incentivar melhor qualidade de vida às pessoas, o JCN fez um entrevista especial com um ex-fumante siqueirense, o professor, artista, pesquisador, escritor e Diretor de Cultura de Siqueira Campos, Flávio Mello que falou sobre sua experiência enquanto dependente do cigarro.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tabagismo é a principal causa de morte evitável no planeta, sendo considerado, portanto, um problema de saúde pública. Estima-se que 200 mil pessoas morram todo o ano no Brasil em decorrência do fumo. Esse valor salta para cerca de 4,9 milhões em perspectiva mundial.
Flávio fala sobre a melhora em sua qualidade de vida em todos os aspectos, como começou a fumar e como conseguiu acabar com o vício.
“ Meu nome é Flávio Mello, estou como Diretor de Cultura de Siqueira Campos, eu passei boa parte da minha vida sendo um dependente do tabaco. Eu comecei a fumar aos 16 anos de idade porque eu quis, não foi por causa de moda, de amigo, de ninguém, eu simplesmente sai de um trabalho, onde eu trabalhava numa barraca de pastel de feira, comprei um maço de cigarros fui até meu pai e minha mãe e disse que a partir daquele momento começaria a fumar, eu não tinha nem aberto o maço de cigarro.
Dos meus 16 aos 39 anos eu fumei, no começo era mais moderado, um maço de cigarro dava para um mês, mas conforme fui avançando na vida adulta com aquela ideia de que era sofisticado, era maneiro, era legal né, eu acabei nos últimos anos fumando duas carteiras de cigarros por dia, ou seja 40 cigarros.
Isso foi até os 39 anos quando a gente se mudou para Siqueira Campos, e eu já tinha um problema que a gente não identificava e eu achava que eu era preguiçoso e na verdade era um problema sério cardíaco. Eu tinha alguns desmaios esporádicos e uma vez aqui em Siqueira eu desmaiei na frente da minha família e nos dias seguintes a gente foi ao hospital e eu descobri que eu tinha um problema sério no coração, meu coração é muito fraco.
Depois disso eu tive que colocar um marca-passo, na conversa com o médico minha esposa falou sobre o tempo que eu fumava, porque eu ainda estava fumando e o médico disse que eu teria que fazer o cateterismo também, e fazendo todo esse procedimento foi tudo muito assustador, e estava claro que um dos motivos do problema de saúde era o uso do tabaco, daí eu decidi da noite para o dia parar de fumar. E já tem quase sete anos que não fumo, minha vida mudou da água para o vinho também por conta do marca-passo e a questão de respiração, paladar, olfato tudo ficou muito melhor. Agora sou uma pessoa mais disposta, então, o cigarro foi um agravante e que graças a Deus eu me livrei, ainda sinto falta sim, muita falta, vira e mexe me pego com vontade fumar, tanto que não fico perto de pessoas que fumam, mas se sinto cheiro de cigarro eu tenho vontade e já pensei várias vezes em voltar a fumar, mas daí eu luto contra mim mesmo porque eu sei que a coisa pode ficar mais séria do que já é. Não sou aquele ex-fumante chato que fica no pé das pessoas, mas quando me perguntam, como é o caso dessa matéria importante eu gosto de salientar esses detalhes”, explicou Flávio.
O Diretor de Cultura, ainda fala que a decisão de parar de fumar foi o medo de perder a família porque querendo ou não é um risco que as pessoas tem, o de morrer. Ele ressalta que um dos motivos que o estimulou a parar de fumar foi esse.
“ Na hora que eu estava para fazer as duas cirurgias o medo tomou conta de mim literalmente, fiquei com muito medo mesmo, e ali comecei a pensar em tudo que estava acontecendo e tomei a decisão de parar de fumar. Não estou falando nem da questão econômica, porque se for colocar na ponta do lápis o que eu gastava dava para comprar um carro popular por ano. O conselho que eu dou aos fumante é que diminuam o máximo possível e que de preferência parem. E quem pensa em fumar, principalmente esses cigarros eletrônicos, essas coisas assim, que até onde eu sei fazem mais mal, parem, porque é complicado, não leva a nada e só dá desgaste, e enfim todo mundo sofre”, completou, Flávio.
O cigarro, assim como outros derivados do tabaco, não possui uma quantidade segura de consumo. Somente na fumaça desse produto, por exemplo, encontramos mais de 4700 substâncias tóxicas, algumas inclusive cancerígenas.
O alcatrão e a nicotina são exemplos dessas substâncias maléficas ao organismo. Esta última substância age como estimulante do sistema nervoso central, eleva a pressão sanguínea e a frequência cardíaca, diminui o apetite e desencadeia náusea e vômito. Já o alcatrão, formado por várias substâncias, está ligado a doenças cardiovasculares, câncer, entre outras."
Consequências diretas do cigarro
O tabagismo pode desencadear cerca de 50 problemas de saúde, dentre os quais, destacam-se:
infarto do miocárdio;
enfisema pulmonar;
derrame;
câncer de pulmão, traqueia, laringe e brônquio;
impotência sexual no homem;
infertilidade na mulher;
hipertensão;
diabetes.
Estima-se que 90% das pessoas que desenvolvem câncer de pulmão apresentem como fator responsável o fumo, sendo importante destacar que as chances de cura para essa doença são bastante baixas.
Consequências indiretas do cigarro
As pessoas que não fumam diretamente também correm sérios perigos. Os chamados fumantes passivos, quando comparados a grupos que não possuem contato com o tabaco, possuem risco aumentado de desenvolver câncer de pulmão e doenças cardiovasculares e respiratórias, como a asma e pneumonia. Além disso, bebês de mães fumantes podem nascer prematuramente ou então apresentar baixo peso após o nascimento.
O que vicia no cigarro?
O uso constante do tabaco pode causar dependência em virtude da presença de nicotina, que, além de todos os malefícios já descritos, é capaz de causar dependência similar à provocada pela cocaína. Isso faz com que parar de fumar torne-se um grande problema, que pode até mesmo não ter solução. Para aqueles que pretendem parar de fumar, o Sistema Único de Saúde (SUS) garante tratamento gratuito, disponibilizando medicamentos, além de fornecer acompanhamento profissional.
Benefícios de parar de fumar
Vale destacar que, após o uso do cigarro ser interrompido, o corpo pode recuperar-se de danos causados pelo fumo, portanto, os prejuízos podem ser remediados. Acredita-se que, após um ano sem fumar, os riscos já comecem a decrescer. Em relação aos riscos de infarto e câncer, estima-se que, após 10 anos, os indivíduos passem a ter os mesmos riscos de desenvolver essas doenças que uma pessoa que nunca fumou.
Lei Antifumo
Diante dos riscos do tabagismo para as pessoas que fazem uso desses produtos e para quem os rodeia, foi estabelecida a Lei Antifumo (lei nº 12.546/11), que determina a proibição do ato de fumar em ambientes coletivos, públicos ou privados, como restaurantes, clubes e halls de entrada em condomínios. A determinação afeta até mesmo locais parcialmente fechados com divisória e extingue a existência dos fumódromos e propagandas de cigarro. Em caso de descumprimento dessa lei, os estabelecimentos são multados.
 

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