21/03/2018 às 11h35min - Atualizada em 21/03/2018 às 11h35min

Motivadas por posts nas redes sociais, 28 brasileiras perdem até 80 kg

vivabem.uol.com.br - Adriana Freitas
Katiuscia Rolim emagreceu 44 kg em 15 meses Imagem: Reprodução do Instagram
Não é novidade que o Instagram é muito usado por pessoas que fazem dieta e malham. Só para se ter ideia da popularidade do tema, a #instafitness tem por volta de 12 milhões de publicações.
 
Pegando carona nessa tendência, a psicóloga Bruna Madureira resolveu pesquisar sobre mulheres brasileiras que perderam peso com a ajuda das redes sociais. A análise deu origem à sua tese de doutorado, pela PUC-Rio, Emagrecendo na Rede: Um Estudo Acerca do Universo das #instafits.
 
A pesquisa concluiu que o laço afetivo costurado pelas seguidoras, as curtidas, os comentários positivos e os compartilhamentos ajudaram as 28 mulheres entrevistadas, com idade entre 19 a 40 anos, a emagrecer de 10 kg a 80 kg no período de um ano.
 
“Quando uma pessoa passa a servir de exemplo para os outros, isso acaba unindo e transformando o grupo. A mulher que nunca foi um modelo, sempre esteve 'invisível' socialmente devido ao excesso de gordura, passa a ocupar outra posição ao ser vista como referência de perda de peso. Essa mudança tornou a existência delas positivas e fez não só com que emagrecessem, como também mantivessem o peso ideal”, explica Bruna.
 
A pesquisadora ressalta que algumas mulheres criaram laços off-line e passaram a se encontrar pessoalmente. “Existe um espaço de acolhimento do sofrimento humano no universo virtual que muitas vezes não é encontrado no mundo real, com a família delas, por exemplo. Ser 'ouvida' por alguém incentiva muito e, algumas vezes, funciona como um Vigilantes do Peso. É quase como se fosse um processo terapêutico sem a mediação de um profissional”, complementa.
 
A autora da tese costuma ser questionada em congressos de psicologia se compensa o vício na rede social. E responde: “É melhor ficar viciado na rede e encontrar pessoas que escutam você do que ficar sofrendo. Esse é o lado muito positivo dessas ferramentas.”
 
Motivação para lutar contra a balança
 

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Imagem: iStock
 
Em 2014, a autônoma e agora estudante de odontologia Katiuscia Rolim, 37 anos, pesava 110 kg. Ela foi uma das participantes do estudo. Nos dois anos anteriores, Katiuscia tinha perdido 20 kg e enfrentava o fantasma da hipertensão e da diabetes. Insatisfeita com o resultado, ela resolveu fazer um diário da sua luta contra a balança no Instagram. E emagreceu 44 kg em 15 meses. “Uma endocrinologista disse que eu jamais emagreceria tudo o que precisava sem cirurgia bariátrica. Mas, contrariando a previsão dela, eu consegui fazendo exercícios em casa e seguindo uma dieta rica em proteínas [low carb]", afirma.
 
“O que a gente compartilha é motivação. Ajudamos a quem quer se ajudada, assim como eu fui. Há quatro anos posto diariamente minha rotina, sem falha, religiosamente”, conta Katiuscia.
 
Outra participante da tese foi a enfermeira Michelle Cordeiro, 34 anos. Quando passou a postar seu processo de emagrecimento no Instagram, ela perdeu 35 kg em seis meses. “Eu estava com depressão, mas registrar nossa evolução com fotos motiva, cria o compromisso com os seguidores. As pessoas nos enxergam como exemplo e dá vergonha engordar”, acredita.
 
Michelle afirma, por experiência própria, que hoje em dia é bem mais fácil fazer reeducação alimentar. “Por conta da internet, há mais acesso à informação. E quem não tem dinheiro para ir a médicos, nutricionistas e frequentar academias pode se informar na rede.”
 
As curtidas substituem a compulsão alimentar
 

iStock

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Que tal trocar o prazer dos doces pelo de ter milhares de curtidas? Imagem: iStock
 
A psicóloga Bruna Madureira constatou que a maioria das "instafits" passa um quarto do dia na rede social – seja postando selfies, pratos, exercícios e mensagens motivadoras, seja comentando e curtindo fotos das seguidoras. O estudo mostrou que 14% permanecem de cinco a seis horas por dia no Instagram, 78% de três a quatro horas e 8% de uma a duas horas.
 
“É impressionante como o grau de compulsão, antes incorporado à comida, passa a ter como foco a ferramenta social”, diz Madureira. A pesquisadora revelou que algumas das entrevistadas acreditam que a rede social as ajudou a manter o controle na hora de comer, já que precisavam registrar suas atividades.
 
“O que percebemos com tudo isso é que muitos são os obstáculos e impasses. Mas, unidas pela rede, elas se sentem capazes de vencer e de viver cada dia como se fosse o último, desde que estejam juntas!”
 
Lembre-se, antes de seguir qualquer treino ou dieta que você encontra na internet, é muito importante procurar um profissional da área, que irá montar um plano adequado ao seu perfil e objetivos.

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