08/04/2024 às 11h38min - Atualizada em 08/04/2024 às 11h38min
Justiça torna réu e nega liberdade a cliente acusado de matar casal de seguranças em loja de conveniência no PR
Caso aconteceu em Guarapuava e foi filmado por câmeras de monitoramento. Defesa contesta qualificadoras do crime. Denúncia excluiu crime de tentativa de homicídio contra terceiro alvo dos disparos.
Casal Vanderley Antônio de Lima, de 31 anos e Edinéia Gonçalves Oliveira, de 32 anos — Foto: Arquivo pessoal
A Justiça tornou réu e negou o relaxamento da prisão preventiva do caminhoneiro Rodrigo Neumann Pires, acusado de matar um casal e seguranças a tiros em uma loja de conveniência de Guarapuava, na região central do Paraná. O homem vai responder por duplo homicídio, qualificado por motivo fútil, recurso que dificultou a defesa da vítima e por causar perigo comum às demais pessoas que estavam nas imediações do local. O caso aconteceu no dia 23 de março, após o cliente discutir com os profissionais e voltar armado ao local, segundo a investigação. Câmeras de monitoramento filmaram cenas do ataque. As vítimas foram identificadas como Vanderley Antônio de Lima, de 31 anos, e Edinéia Gonçalves Oliveira, de 32. Eles eram casados há sete anos e deixaram quatro filhos, de 12 anos, 4 anos e dois gêmeos de 1 ano. De acordo com uma amiga próxima do casal, no dia do crime, cada um receberia R$ 120 para fazer a segurança da loja de conveniência na madrugada.Relembre detalhes abaixo. Rodrigo Neumann Pires tem 43 anos e está preso preventivamente. Ele foi localizado horas depois do ataque e permanece detido desde então. Em depoimento, ele confessou o crime e também admitiu que, momentos depois, mandou áudios para o próprio chefe relatando os assassinatos. A defesa dele entrou com pedido de Habeas Corpus junto ao Tribunal de Justiça do Paraná solicitando relaxamento da prisão. A solicitação foi negada por duas vezes, na quinta (4) e na sexta-feira (5), mantendo a prisão preventiva do acusado. Para o crime de homicídio qualificado, o Código Penal prevê pena de 12 a 30 anos de prisão. Para a defesa, há excesso nas três qualificadoras da denúncia. Os advogados afirmam que defenderão no processo que o caminhoneiro seja julgado por duplo homicídio doloso simples, por considerarem que houve uma agressão injusta por parte dos seguranças contra o cliente antes do crime. Homem foi indiciado por tentativa de homicídio, mas crime foi excluído da denúncia O Ministério Público (MP) excluiu "tentativa de homicídio" da denúncia contra Rodrigo. O crime constava no indiciamento feito pela Polícia Civil, cuja investigação apontou que o caminhoneiro mirou em um terceiro segurança, que também foi alvo de tiros, mas sobreviveu aos disparos. Na denúncia, o MP disse que fez a exclusão porque a real intenção era atingir apenas Edinéia e Vanderlei com os disparos, em razão do desentendimento anterior. "Ao que nos parece, o acusado confunde [o terceiro alvo] (por estar com roupa de segurança) com os verdadeiros alvos dos disparos (Edinéia e Vanderlei), sendo que quando percebe que ele não era o segurança almejado, cessa os disparos em sua direção", afirma a promotoria. Ao receber a denúncia, a juíza responsável pelo caso concordou com o entendimento do MP por considerar que não há evidências para que Rodrigo responda também por tentativa de homicídio. Discussão e agressões antecederam o crime Um dos vídeos anexados ao inquérito da Polícia Civil mostra Vanderley agredindo Rodrigo momentos antes de ser morto a tiros pelo homem ao lado da esposa - que também aparece nas imagens. No vídeo, é possível ver o casal de seguranças discutindo com Rodrigo em frente aos banheiros da loja de conveniência. Edinéia indica a saída para o homem, que continua no local. Na sequência, Vanderley agride Rodrigo com alguns golpes e o derruba no chão, onde o homem leva um chute. Em momento nenhum Rodrigo devolve as agressões. Segundo a Polícia Civil, após a discussão e as agressões, Rodrigo foi para casa, pegou um revólver, voltou ao local e disparou contra os seguranças. "Consta nos autos que Rodrigo estava no estabelecimento causando tumulto e utilizando entorpecentes no banheiro, ocasião em que foi abordado pelos seguranças do local, ora vítimas, Edineia e Vanderlei", afirma a denúncia do MP. A defesa nega que o réu tenha usado entorpecentes e afirma que "em momento oportuno" vai requerer a realização de exame toxicológico, justificando que Rodrigo é caminhoneiro encontrava-se com seu exame toxicológico "em dia". O ataque por outro ângulo No vídeo, é possível ver quando o suspeito chega ao local armado e começa a atirar no casal e em um terceiro segurança, que estava na calçada e conseguiu fugir e sobreviveu aos disparos. Neste momento, também havia outros clientes no local, que fugiram assim que viram o homem se aproximando com a arma. Vanderley Antônio de Lima e Edinéia Gonçalves Oliveira entram na loja para tentar fugir do ataque, mas Rodrigo Neumann Pires os acerta e depois sai caminhando em direção ao local de onde chegou. O segurança que escapou dos tiros disse à polícia que parou no local para conversar durante patrulha e não tinha relação com a discussão entre o suspeito e as vítimas. Mulher morreu na hora e homem durante atendimento médico Edinéia morreu na hora e Vanderley chegou a ser socorrido pelo Samu e encaminhado em estado grave ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu durante atendimento médico. Rodrigo fugiu do local e foi localizado horas depois, escondido em uma área de mata.