14/01/2022 às 10h45min - Atualizada em 14/01/2022 às 10h45min

​Falta de testes deixa Brasil no escuro para conter avanço da Ômicron

Quando a testagem cai, a subnotificação de casos cresce. Planos de saúde pedem à ANS regras para restringir exames

Otávio Augusto
Ilustrativa
O país vive uma pane no diagnóstico da Covid-19, doença causada pelo coronavírus. A falta de exames afeta hospitais privados, clínicas e redes de farmácias. Esse é mais um entrave que impõe um desafio ao Brasil: como monitorar o avanço da variante Ômicron?
A escalada do problema colocou a comunidade médico-científica em alerta. Quando a testagem cai, a subnotificação de casos cresce. Dessa forma, o Brasil, que sempre testou muito pouco para a doença, dispõe de dados menos condizentes com a realidade para lidar com a disseminação do vírus.
Com o agravamento do problema, planos de saúde pedem a criação de critérios para o uso dos exames. A União Nacional das Operadoras de Autogestão em Saúde (Unidas), entidade que representa mais de 100 seguradoras, defende a priorização da testagem para pacientes hospitalizados ou com sintomas graves, devido à falta de testes no país.
“Estamos atuando junto à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), com o objetivo de implementar medidas excepcionais para a demanda atual. Defendemos que sejam firmados critérios para testagem, de maneira a evitar a falta de exames — seja no sistema privado ou público”, explica, em nota.
“Também solicitamos que a ANS altere temporariamente os critérios de autorização para a realização da testagem de Covid”, finaliza.
Testes suspensos
Grandes conglomerados de farmácias, como Drogaria Raia, Drogasil, Drogarias Pacheco e Drogaria São Paulo, e de hospitais, como a Rede D’Or – maior rede de hospitais particulares do Brasil –, suspenderam testagens de casos leves.
Para o leitor ter dimensão do impacto, Drogarias Pacheco, Drogaria São Paulo e grupo Raia Drogasil possuem, juntas, 3,6 mil lojas pelo país. As marcas enfrentam o mesmo problema: falta de insumos junto a distribuidores e fabricantes.
O grupo Dasa, que reúne mais de 40 marcas de laboratórios, reorganizou “temporariamente” o estoque de testes e está priorizando o atendimento dos pacientes internados e dos profissionais da área de saúde e de serviços essenciais.
A Rede D’Or admite que existe uma limitação no mercado nacional de insumos, em função da explosão de casos causada pela nova variante, que tem se mostrado muito mais contagiosa.
“Estamos priorizando a realização de exames em pacientes com indicação clínica para definição de tratamento e isolamento, pacientes internados e em profissionais de saúde, e limitando a realização dos exames eletivos ou em pacientes com bom estado geral”, informa, em comunicado.

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