10/11/2021 às 13h01min - Atualizada em 10/11/2021 às 13h00min

Presidente da Agência Nacional de Saúde informa que relatório sobre Prevent Senior será concluído dia 14

Deputados da Comissão de Seguridade Social pedem que resultados sejam enviados ao colegiado

Lara Haje - jornalcn.com.br
Agência Câmara Notícias
Paulo Sergio

O presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Rebello,  informou que será concluído no dia 14 de novembro o diagnóstico da diretora técnica Daniela Ota sobre a operadora de saúde Prevent Senior, acusada de exigir que profissionais receitassem medicamentos ineficazes para o tratamento de Covid-19 sem o conhecimento dos pacientes.

No dia 14 de outubro, a diretora técnica foi nomeada para acompanhar o caso. Já foi solicitado à Prevent Senior indicadores de acesso, de qualidade, de linhas de cuidado e de segurança e a operadora tem até esta quarta-feira (10) para apresentar os dados.

Rebello explicou nesta quarta-feira à Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados as medidas que podem ser indicadas pela diretora técnica.

“Ela pode levantar alguns ajustes, correções e adequações que devem ser feitos, e a operadora pode sim apresentar programa de saneamento assistencial. Caso ela sane esses problemas ou possíveis problemas apresentados, aí a gente encerra ou adota outras medidas, além das apresentadas pela direção técnica”, disse.

Segundo ele, o prazo de acompanhamento pela diretora técnica da ANS é de um ano, podendo ser prorrogado.

Acusações contra Prevent Senior
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) pediu que o relatório conclusivo seja enviado aos parlamentares. Ela observou que Prevent Senior tem 550 mil beneficiários, faturamento de R$ 4,3 bilhões por ano, e teve alta de 9% na carteira de clientes e 18% nas receitas líquidas em 2020, em comparação a 2019.

Jandira Feghali disse que o descompromisso da Prevent Senior com os segurados foram atestados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado Federal, que investiga irregularidades associadas à gestão da pandemia de Covid-19.

A deputada resumiu as conclusões da CPI: “Subnotificação de óbito de pacientes, sem conhecimento de experiência com a cloroquina; mortes registradas com outras causas, ocultando a verdadeira causa; reclassificação sistemática de prontuários, apagando a referência à Covid.”

Mas a deputada disse que, antes mesmo do relatório da CPI ter sido apresentado, já havia recebido denúncia, em março, sobre a indicação a pacientes por atendentes do plano do chamado "kit covid", com medicamentos sem comprovação científica, como a hidroxicloroquina. Ela questionou se os diretores da ANS também conheciam previamente as denúncias.

Denúncias apuradas
Paulo Rebello informou que de março de 2020 a setembro de 2021, a ANS recebeu 284 mil reclamações – 14 mil relacionadas à Covid e 38 reclamações específicas sobre o "kit covid". Segundo ele, 93% das reclamações foram solucionadas.

Ele negou omissão por parte da agência e disse que todas as denúncias recebidas foram apuradas, inclusive a apresentada pelo deputada Jandira Feghali.

Segundo ele, no dia 14 de abril foi enviado ofício para a Prevent Senior sobre a denúncia, questionando a pressão para que receitasse os medicamentos, ferindo a autonomia médica, e o consentimento do usuário para uso do ''kit covid''.

“As perguntas foram formuladas à operadora. Eles nos responderam com 258 termos de consentimento por parte dos beneficiários. E nós entendemos naquele momento, da análise que nós fizemos, que compete ao médico que receitou e o consentimento do paciente. Então estaria fora da competência da agência em atuar naquele caso específico”, afirmou.

Ele ressaltou que o próprio Conselho Federal de Medicina considera o uso de cloroquina para tratamento de Covid-19 e que existe orientação do Ministério da Saúde nesse sentido, que ainda não foi revogada. Conforme ele, de 59 médicos que prestavam serviço a Prevent Senior consultados pela ANS, 14 médicos responderam, e apenas um disse que de fato houve pressão – médico que fez denúncia ao programa Fantástico, da TV Globo. Essa denúncia está sendo apurada, de acordo com Rebello.
 

Outros deputados da comissão, como Dr. Zacharias Calil (DEM-GO), também criticaram a indicação aos pacientes de uso de medicamentos sem comprovação científica. O presidente da comissão, Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. (PP-RJ), disse que o envio direto de medicamentos para o paciente é um delito técnico, além de ferir o código de ética médica. “Alguém medicou um paciente sem vê-lo ou sem contato prévio. Quando você envia receita sem ver o paciente não deixa de ser um delito ético”, disse.

Ele reiterou o pedido de envio do relatório da diretoria técnica da ANS sobre a Prevent Senior para a Comissão de Seguridade Social da Câmara.


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