08/04/2021 às 13h41min - Atualizada em 08/04/2021 às 13h41min

Depois de passar no vestibular aos 14 anos, brasileiro é um dos mais jovens advogados aprovados para atuar nos EUA

Mateus de Lima Costa Ribeiro tem 21 anos, e se formou em direito aos 18, em Brasília. Depois de ser aprovado em exame do 'Bar', equivalente à OAB, na próxima semana ele presta juramento na Corte Suprema de Nova York

- Carolina Cruz

No dia 15 de abril, a Corte Suprema de Nova York vai receber o juramento de um dos advogados mais jovens já credenciados no Estado. Ele é o brasiliense Mateus de Lima Costa Ribeiro, de 21 anos, aprovado em exame do New York State Bar Association — equivalente à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

"É o resultado de muita dedicação. O que você colhe está completamente ligado a coisas que você fez em 7, 8, 10 anos", disse Mateus ao G1.

Em 2019, o brasiliense foi aprovado para um mestrado na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, considerada uma das melhores do mundo. Segundo ele, a experiência o fez "rever todas as premissas".

"Quando cheguei lá, percebi que havia muita demanda por pessoas que entendem tanto o universo jurídico brasileiro quanto o americano, e o mestrado em Harvard abre a porta para você fazer a prova do Bar", conta.

Mateus reconhece que faz parte de uma exceção. "A realidade de estudar fora, de aprender e falar bem inglês, de ter acesso a um país diferente é um negócio que precisa crescer cada vez mais, que precisa, cada vez mais, deixar de ser a exceção", disse.

Na família, Mateus não foi o único a seguir o direito e se formar cedo. Ele foi quem quebrou o recorde do irmão, João Costa Ribeiro Neto, que conquistou a carteira da OAB aos 20 anos. A irmã, Clarissa Costa Ribeiro, foi graduada em direito aos 20 anos.

Em entrevista à TV Globo, em 2018, o jovem contou que os primeiros passos rumo à advocacia foram dados ainda antes do vestibular, aos 10 anos de idade. Na tentativa de escapar de um castigo, ele recorreu a uma estratégia que os pais já conheciam: um pedido de habeas corpus (assista abaixo).

"Meu irmão sugeriu que eu impetrasse um habeas corpus que seria julgado pelo meu pai, para eu poder ir pra sala ver o jogo do Corinthians", conta Mateus.

Ainda criança, ele se destacava não só nas "manobras de defesa", mas também na habilidade com a leitura. Mateus chegou a ler 86 livros em um ano.

Advogado aos 18 anos

Antes do mestrado em Harvard, o jovem atuou, por um ano, como advogado. Ele defendia, principalmente, causas que envolvem Direito Constitucional e, neste período, foi o mais jovem a realizar uma sustentação oral no STF.

Mateus defendeu a tese de que apenas o estado pode legislar sobre o Direito do Trabalho. O entendimento representou a maioria da Corte em julgamento que contou com 7 votos favoráveis e 4 contrários.

"Eu cheguei lá como um advogado normal, até com aquelas roupas todas, difícil de fato das pessoas identificarem que eu era tão novo. E foi ótimo, porque eles não me trataram diferente e ao final da sustentação eu falei que tinha apenas 18 anos naquela ocasião. E aí, nossa, os ministros elogiaram e ficaram surpresos", lembra.

O ministro relator do processo, Luiz Edson Fachin, definiu Mateus como "ilustre causídico [advogado]" e o parabenizou.

Questionado se a idade já causou alguma situação diferente na profissão, Mateus nega. "Eu nunca quis ser definido pela minha idade. Eu nunca quis que eu fosse tratado de uma maneira especial, diferente ou pior por ser um advogado que estava na profissão mais cedo que o normal", aponta.

"Eu acho que quando você demonstra maturidade na sua profissão as pessoas reagem bem a isso e consideram que, dado a sua conduta, você merece. Eu acho que sempre fui muito bem recebido", diz Mateus.

A prova do "Bar", em New York, ocorreu em outubro de 2020, quando ele tinha 20 anos. No mesmo mês, Mateus voltou ao Brasil e, atualmente, ele trabalha em um escritório de advocacia em São Paulo, que presta apoio jurídico a empresas brasileiras que fazem operações internacionais.

"Pretendo trabalhar e ajudar a economia do Brasil justamente como uma ponte entre as empresas daqui e o mercado financeiro de Nova York. Empresas que estão se financiando para crescer, contratar pessoas. Sinto esse chamado, de ser essa ponte [entre os dois países]", conta.


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