22/12/2020 às 11h59min - Atualizada em 22/12/2020 às 11h59min
Idade das Trevas e século XXI, quase nada mudou!
Isaele Machado - JCN
JCN/André Machado O mundo já sofreu com outras pandemias no passado, como a da peste negra durante o século XIV que dizimou boa parte da população europeia, no mundo foram aproximadamente 50 milhões de mortes. Algumas fontes afirmam que a peste é causada por pulgas de ratos infectados que vieram em navios. Naquela época tinha-se pouca noção de higiene, tendo em vista que na idade média ou popularmente conhecida como idade das trevas, as pessoas acreditavam que o banho, por exemplo, poderia abrir os poros da pele e deixar o corpo vulnerável a doenças e assim quase não tomavam banho. Atualmente a peste faz cerca de 650 vítimas ao ano, tendo como estimativa de 120 mortes.
A infraestrutura da época pouco contribuía para boas condições sanitárias, já que não havia banheiros e as pessoas jogavam fezes e outros dejetos no meio da rua, ou seja, os espaços públicos eram esgotos a céu aberto.
A peste negra causava febre, dores no corpo e ia deixando pele das pessoas com manchas escuras, sendo uma doença desconhecida e levando em consideração, que não havia institutos de pesquisas para rastrearem as variadas doenças existentes na época, ficava difícil um tratamento adequado. Os médicos da peste faziam o tratamento tradicional e mantinham o distanciamento entre as pessoas, bem como passaram a utilizar máscaras, que mais pareciam um bico de pássaro.
A igreja católica exercia grande influência na sociedade, sendo a principal “julgadora”, tinha os chamados tribunais da inquisição, que tinha como intenção aniquilar todos que fossem contra o catolicismo ou apresentavam outro tipo de crença, costumavam passar pelos vilarejos e todos aqueles que eram considerados ou apontados pelos moradores como herege, era morto. Benzedeira, parteiras, pessoas que tinham habilidades com medicamentos naturais utilizando ervas, ou qualquer pessoa que falasse contra a igreja, principalmente as mulheres (chamadas de bruxa ou feiticeira), eram queimadas nas fogueiras da inquisição. Havia também outros métodos, eles torturavam e depois matavam, através de enforcamento, empalamento e tantos outros.
Quando as pessoas apareciam com algum tipo de doença na maioria das vezes eles chamavam padres para que expulsassem espíritos malignos, depois chamavam os médicos, alguns chamavam a peste de castigo divino. No caso da peste eles acreditavam que as pessoas infectadas tinham “parte” com o demônio e que era um tipo de castigo divino. A idade das trevas não só matou pela peste, mas também pela inquisição
Atualmente, em pleno século XXI infelizmente nos deparamos com situação similar, temos a pandemia do Covid-19 que já passa de um milhão de mortos, só não avançou mais porque temos institutos de pesquisas e grandes cientistas que ao logo dos tempos desenvolveram medicamentos (não específicos, até porque o vírus ainda é desconhecido), mas há antibióticos que são capazes de amenizar o impacto do vírus, temos vacinas em fases de testes e vacinas que já estão disponíveis, no caso da peste bubônica até hoje não há vacina eficaz na prevenção. Mesmo com pouco investimento, os cientistas brasileiros batalham para contribuir com a sociedade.
Apesar de tudo isso além do coronavírus que já matou muita gente, ainda convivemos com uma guerra contra o crime organizado que mata centenas diariamente, condições inadequadas de higiene entre a classe que está abaixo da linha da pobreza, indígenas morrendo todos os dias por disputa territorial, a guerra contra a seca e a fome que mata milhares no Brasil.
Temos tudo isso que assola o mundo, mas no Brasil a situação se agrava, infelizmente porque o governo atual pouco se importa com investimentos em pesquisas, corta verba da educação, ironizou a pandemia e não toca no assunto de segurança pública, apenas tem a ideologia de armar a população, o que seria inviável e mataria ainda mais pessoas.
Na idade das trevas os considerados hereges morriam pelas mãos da “Santa Inquisição” , hoje as pessoas morrem pelas mãos dos governantes, que não criam política públicas que atendam a necessidade do povo. Bilhões e mais bilhões arrecadados em impostos, mas com a corrupção o dinheiro não retorna em benefícios ao povo como deveria. A falta de providência para gerar investimentos, emprego e renda leva aos vulneráveis a roubar, traficar e cometer outros delitos e isso impacta a segurança pública e o que resta são montantes de covas e famílias chorando.
A falta de investimentos na educação e cursos profissionalizantes deixa milhares de crianças, adolescentes e jovens vulneráveis nas ruas, optando por seguir um meio de vida degradante e cheio de drogas, violência e prostituição. Há quem pense que só existe fome e seca na África, mas no nosso país, aqui no nosso quintal, temos a região nordeste do país, onde as condições são drásticas. O programa Bolsa Família que seria para ajudar as famílias se manterem até conseguirem um meio de sobrevivência, tornou-se um benefício contínuo, pois se não há investimento para implantação de indústrias na região, também não tem onde as pessoas trabalharem para sustentar suas famílias. A região nordeste é mais afetada, mas isso não significa que as demais regiões não sejam.
O Sistema Único de Saúde (SUS) seria exemplo mundial, já que oferece serviços ao povo sem necessidade de um plano de saúde, porém não é assim, o povo paga imposto para que isso aconteça, não é diretamente um plano de saúde, mas é pago sim! Pela carga tributária que o povo carrega nas costas, teria que ser um serviço de qualidade e não apenas de “fachada”, são filas intermináveis à espera de atendimento, especialistas, cirurgias, medicamentos e por aí vai. Existem pessoas aguardando cirurgias há mais de dez anos, se o repasse de recursos fosse feito de forma adequada como deveria, certamente funcionaria perfeitamente e o SUS não seria apenas mais um programa que só funciona na teoria.
A idade das trevas matou muita gente e o século XXI continua matando, a humanidade não evoluiu nem aprendeu com os erros do passado, apenas aprimorou os meios de assassinato e tortura.
JCN/André Machado
