24/06/2020 às 16h47min - Atualizada em 24/06/2020 às 16h47min

Luiza Brunet diz ter recusado tratamento com João de Deus: ‘graças a Deus não fui’

- O EXTRA
Símbolo da luta pela violência contra a mulher, Luiza Brunet foi a entrevistada da última terça-feira, do programa ‘Conversa com Bial’. Na noite de estreia da série documental ‘Em nome de Deus’, sobre os bastidores da investigação de abusos sexuais de João de Deus, Luiza Brunet se emocionou ao assistir um trecho da série e revelou que chegou a ser convidada para se consultar com o médium, mas recusou o tratamento.
Eu tenho vitiligo, que é uma doença de pele que começou quando eu era menina. Inclusive, acho que essa doença apareceu por conta das violências a que assisti, porque a minha imunidade é baixa e acho que tudo isso reflete em algum lugar no corpo", explicou. "Então, alguém me sugeriu de ir lá [se tratar com João de Deus] e acabei não indo. Eu nunca tive interesse em ir lá, apesar de ter sido convidada. Hoje em dia eu falo ‘Graças a Deus’ por não ter ido”, comentou a modelo.
A atriz relembrou ainda o caso de uma pessoa próxima que foi vítima de João de Deus. “Logo depois que apareceram as denúncias, uma amiga minha foi lá, justamente para buscar conforto, e ele também a machucou”.
Luiza também se emocionou ao ver o depoimento de uma das vítimas do médium, durante a exibição de um trecho da série documental. “É terrível, Pedro, porque quando você um depoimento tão verdadeiro que nem esse e você se encoraja para buscar justiça e se depara com uma pessoa que não reconhece essa denúncia importante que você tá fazendo e absolve a pessoa, isso é andar para trás”.
Passado e luta pelo direito das mulheres
Luiza Brunet também relembrou o caso em que foi agredida em 2016 pelo ex-marido, o empresário Lírio Parisotto, em Nova Iorque, e contou sobre a trajetória até se tornar porta-voz dos direitos das mulheres.
“Quando eu fiz a minha denúncia eu tive o amparo do Ministério Público, quem colheu minha denúncia foi um homem, com todos os dados que eu tinha e material, ele não teve nenhuma dúvida da violência que eu sofri. Mas a revitimização é terrível porque tanto o agressor quanto um grupo de mulheres me constrangeram dizendo que era mentira minha, que eu era golpista, que a justiça ia prevalecer. De fato, a justiça prevaleceu, ele foi condenado”, desabafou ela.
Atualmente, Luiza Brunet trabalha com instituições que fornecem dados sobre os direitos das mulheres, como o Instituto Patrícia Galvão. A atriz também utiliza suas redes sociais como um “centro de atendimento informal”, como definiu Bial.
"Eu percebi também que recebia vários tipos de violência; de importunação sexual em ônibus e trens coletivos. Isso era regular, e eu sempre ficava muito brava e descia do ônibus. (...) Nós podemos falar, sim, do nosso sofrimento. Não precisamos ter vergonha. Quem tem que ter vergonha é o agressor, porque o agressor é um covarde. O homem que deveria ser exposto. Se a gente colocasse a foto de todos os agressores expostos, não haveria espaço, porque são muitos. Então, aquela vergonha que sentíamos no passado, não precisamos mais sentir", completou.
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