Foto mostra caixas de sulfato de hidroxicloroquina — Foto: Agência Pará
A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) divulgou nota, nesta segunda-feira (18), na qual declarou que o uso da cloroquina contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, "não apenas carece de evidência científica" como é "perigoso, pois tomou um aspecto político inesperado". Segundo a nota, o uso do medicamento para tratar a Covid-19 "vem na contramão de toda a experiência mundial e científica com esta pandemia." A cloroquina é normalmente utilizada para tratar malária e doenças autoimunes, como lúpus. "A escolha desta terapia, ou mesmo a conotação que a COVID-19 é uma doença de fácil tratamento, vem na contramão de toda a experiência mundial e científica com esta pandemia. Este posicionamento não apenas carece de evidência científica, além de ser perigoso, pois tomou um aspecto político inesperado", diz a nota da SBI.
Contraindicada mesmo em casos leves Na nota, a SBI frisa que o medicamento é contraindicado mesmo em casos leves de Covid-19 (que estudos feitos em outros países apontam ser 80% dos casos da doença). "Uma das principais críticas em relação aos estudos referidos anteriormente é que muitos dos pacientes avaliados estavam em estado grave quando receberam esses fármacos", considera a nota. A entidade cita um estudo feito com 150 pacientes, divididos em dois grupos: um recebeu hidroxicloroquina e o outro, não. A pesquisa, diz a SBI, apontou que "não houve diferença quanto à evolução dos pacientes que usaram ou não esse fármaco, mas vários efeitos adversos relacionados ao uso de hidroxicloroquina foram relatados nos pacientes em uso desse medicamento". A entidade destaca, ainda, que os investimentos nas pesquisas de outras alternativas de tratamento também devem ser priorizados, "para que tenhamos um maior número de terapias com potencial efetivo no tratamento da COVID-19". Por enquanto, diz a SBI, o isolamento social "é a única medida efetiva para desacelerar as curvas de crescimento dessa infecção."