18/02/2020 às 14h45min - Atualizada em 18/02/2020 às 14h45min

Delegada que investiga Petrix e Pyong diz: 'Assédio no BBB expõe problema'

A delegada Catarina Noble comanda as investigações do Big Brother Brasil

- MAÍRA RUBIM
Delegada da Polícia Civil do Rio há 27 anos, Catarina Noble trabalha na especializada de atendimento à mulher há 11. Comanda desde o ano passado a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Jacarepaguá e está à frente das investigações que envolvem o ginasta Petrix Barbosa e o hipnólogo Pyong Lee, do "Big Brother Brasil 20". O reality mudou a dinâmica de seu trabalho e trouxe uma maior visibilidade para o assédio sexual contra mulheres.
Com as redes sociais, as notícias correm rapidamente, e o canal de comunicação com o público é quase que imediato. Os telespectadores questionaram muitas atitudes, e achamos que deveríamos instaurar as investigações de Petrix (já eliminado) e Pyong — explica a delegada.
Segundo Catarina, o crime que está sendo apurado nos dois casos do "BBB20" é o de importunação sexual, que até 2018 era considerado como importunação ofensiva ao pudor, de menor potencial hostil. Se antes era apenas uma contravenção, assediação pública agora é crime com punição de um a cinco anos. Petrix foi acusado de apalpar os seios de Bianca Andrade e esfregar cabeça de Flayslane em sua genitália. Já Pyong teria apertado as nádegas de Flayslane e tentado beijar Marcela.
Esse tipo de comportamento visto no reality costuma ser bem comum nos meios de transporte coletivos, como ônibus, trem e metrô, que abrigam muita gente. Como as pessoas ficam encostadas, alguns homens acham que podem ter essas atitudes, mas isso é crime — avalia.
A delegada lamenta que muitos homens ainda não tenham consciência de que todas as mulheres devem ser respeitadas.
Pela fragilidade física feminina, muitos indivíduos acham que são mais poderosos e que podem ter atitudes que caracterizam delitos. Esses acontecimentos no BBB foram bons para expor o problema e trazer mais visibilidade. As pessoas precisam aprender a reconhecer o que é uma prática abusiva — avalia.
Catarina afirma que as intimações aos participantes foram enviadas à TV Globo e que cabe à emissora decidir sobre a saída de Pyong:
Todos os envolvidos, o que inclui as mulheres, serão ouvidos. Apesar de ser uma investigação importante, ela não é urgente. Podemos esperar a eliminação dos envolvidos.
Bianca, Flayslane e Marcela já foram ouvidas pela produção do programa e afirmaram não terem se sentido assediadas. Mas Catarina aposta numa reviravolta nos casos.
Quando elas forem ouvidas na delegacia terão a chance de se manifestar de outra forma. Neste momento, elas ainda estão no programa e não têm muita noção. Mas mesmo que elas digam que não foram assediadas, daremos segmento às investigações — garante.
Catarina reitera que o fato de os envolvidos estarem embriagados durante os episódios não muda a gravidade nem justifica a ocorrência. Sobre o depoimento de Petrix, ela diz que ele afirmou não ter tido intenção de assediar as participantes:
Sobre a Bianca, ele explicou que ela pediu para ele fazer uma espécie de massagem e como ela teria “amolecido”, ele a segurou para não cair. No caso de Flayslane ele disse que ela tinha feito a mesma brincadeira com ele minutos antes e que ele quis retribuir.
Neste período de carnaval, Catarina lembra:
Esta é uma das épocas do ano em que as mulheres mais são abusadas. Um puxão de cabelo, uma tentativa de beijo à força, tudo isso caracteriza delito, e a vítima pode comparecer em uma delegacia para fazer o registro de ocorrência. A Deam fica aberta 24h por dia.
A assessoria de imprensa de Pyong disse que ele tem ótima relação com as participantes do programa e que isso foi reforçado com o não constrangimento delas. Diz ainda que não há motivos para preocupação e que a investigação concluirá que foi uma interpretação equivocada e que a oitiva dos envolvidos será uma oportunidade para esclarecer os fatos. Já a assessoria de Petrix não quis se manifestar.
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »