28/01/2020 às 10h41min - Atualizada em 28/01/2020 às 10h41min

'Após coronavírus, ações de empresas brasileiras estão caindo com aversão a risco', diz especialista

O Globo/ João Sorima Neto
Painel de ações na sede da Bolsa no centro de São Paulo Foto: Pedro Kirilos / Agência O Globo
SÃO PAULO - O temor de que a atividade econômica global seja afetada pela disseminação do coronavírus explica a queda generalizada nas Bolsas mundiais - incluindo a brasileira - em que os investidores vendem ações em bloco e migram para ativos considerados mais seguros, como o dólar. A agência de classificação de risco Standart & Poor's, por exemplo, estimou que se a demanda por transporte e entretenimento cair 10% apenas no feriado lunar, na China, a economia pode ter um impacto negativo de 1,2 ponto percentual.
Para Flávio Serrano, economista-chefe do banco chinês Haitong, o Brasil é afetado tanto pela falta de confiança dos agentes financeiros em comprar ações, como pelo fato de que pode sofrer as consequências dessa desaceleração econômica. Serrano falou ao GLOBO:
O que explica esse pânico dos investidores, que faz o Ibovespa cair tanto?

- Há dois canais de contaminação. No primeiro, as ações de empresas brasileiras são afetadas pela chamada "aversão ao risco". Sempre que há um evento geopolítico ou de saúde que traz incerteza, a confiança dos agentes financeiros em ativos de risco cai. O segundo canal, que acredito faz a Bolsa brasileira sofrer ainda mais, é a expectativa de queda da atividade econômica na China, com efeitos globais. Isso afeta diretamente o Brasil, que vende aos chineses soja, carne, minério de ferro, as chamadas 'commodities'. O preço do minério de ferro e do petróleo está em queda no mercado internacional. 

Na Bolsa brasileira, quais ações são mais afetadas?

- A Vale, por exemplo, é afetada, embora sofra ainda com problemas locais, depois do acidente em sua barragem em Brumadinho. As empresas exportadoras de carne venderam muito para a China no ano passado, depois da peste suína que afetou o rebanho do país. Agora, se a economia chinesa encolher, pode acontecer o contrário. Ações da Petrobras caem, e se há percepção generalizada de que a economia pode crescer menos, papéis de varejo também respondem negativamente. 

Painel de ações na sede da Bolsa no centro de São Paulo Foto: Pedro Kirilos / Agência O Globo

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