15/01/2020 às 14h30min - Atualizada em 15/01/2020 às 14h30min

Tiro que atingiu menina no sofá de casa, em Belford Roxo, partiu dos fundos do imóvel

- GUSTAVO GOULART
O delegado Cassiano Conte, da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), informou, na manhã desta quarta-feira, que o tiro que atingiu a menina Anna Carolina de Souza Neves, de 8 anos, na sala de sua casa na comunidade Parque Esperança, em Belford Roxo, partiu de uma área elevada de mata nos fundos do imóvel. Isso contraria as primeiras versões dando conta de que a bala teria partido do Morro da Caixa D'água, que fica do outro lado da Avenida Joaquim da Costa Lima, onde fica a residência.
Segundo o delegado, que comandou nesta manhã uma reprodução simulada na região do crime, ocorrido na noite do último dia 9, a bala é de uma pistola e está sendo periciada para se descobrir, através de ranhuras no projétil, se a arma foi usada em outros crimes:
Viemos complementar a perícia que foi feita momentos depois do crime. A intenção aqui é ampliar e delimitar essa área para saber de onde o disparo veio. Como há três pontos de contato da bala dentro da casa podemos restringir um pouco a origem do disparo. Agora, já temos esta noção de que veio da área de mata e não da comunidade da Caixa D'água e vamos investigar para saber quem estava naquele local no dia 9, às 22h30m, horário em que mais ou menos aconteceu.
De acordo com ele, a bala entrou pelo telhado nos fundos da casa.
Ela veio de uma área de vegetação para onde vamos agora para continuar a perícia — disse Cassiano Conte.
A criança foi atingida na cabeça quando assistia televisão junto com os pais, sentada no sofá da sala da casa, na localidade conhecida como Três Setas. A região é considerada bastante perigosa pela polícia. Tanto que foi grande o aparato policial para realizar a reprodução simulada.
A ação mobilizou pelo menos cinco veículos da Polícia Civil e três caminhonetes da Polícia Militar. Os agentes fizeram a segurança no lugar e realizaram a reconstituição. O correto nesses casos é realizar a reprodução simulada no mesmo horário em que o crime aconteceu. Porém, pela periculosidade da região, a perícia precisou ser feita na parte da manhã e não à noite.
Vizinha relata pânico
No portão e na fachada da residência da família de Anna Carolina há a inscrição de uma oferta de serviço: "Toma-se conta de crianças". Uma vizinha, que preferiu não ser identificada, contou os momentos de pânico vivido pelos pais da criança após o tiro.
Ouvimos os gritos do casal e fomos até a janela para saber o que estava acontecendo. A mãe disse "é a Carol, é a Carol, ela levou um tiro". Pegamos toalhas. Eu e meu marido descemos e fomos até a casa. Ele entrou para ajudar, mas eu não quis, não suportaria vê-la sofrendo.
Ela lembrou que auxiliou a mãe da menina no momento do parto:
Nós levamos a mãe para ter a Carol no hospital. Ela sempre foi muito amada, muito querida e bem tratada pelos pais. A mãe me contou que estavam no sofá quando um estilhaço atingiu o rosto da menina. Carol estava sonolenta, fechou e começou a ficar arroxeada. A mãe disse ter percebido que ela morreu naquele instante. Está sendo tudo muito triste.
Ataques feitos por bandidos
Naquela região já houve casos de ataques praticados por bandidos, entre eles o que aconteceu com o prefeito de Belford Roxo, Wagner Santos Carneiro (MDB), no dia 15 de fevereiro do ano passado. A cerca do 500 metros da residência de Anna Carolina, na Avenida Automóvel Clube, o carro do político, uma Hilux blindada, foi atingido por um tiro de fuzil quando ele retornava da inauguração de uma creche. Na época as investigações apontaram que o disparo foi feito do Morro da Caixa D'água e teve a intenção de atingir o veículo.
Na mesma ocasião, um homem foi atingido por estilhaços na perna na mesma avenida. Ele foi socorrido e levado para a Unidade Mista do Lote XV. Os dois casos foram registrados na 54ª DP (Belford Roxo).
Outro caso de violência na mesma região aconteceu no dia 29 de março de 2018. A diretora da Escola municipal Jorge Ayres de Lima, Tânia da Silva, foi atingida por um tiro na cabeça quando saía da escola. Ela foi rendida durante um arrastão e teria reagido. Tânia foi hospitalizada mas teve morte cerebral confirmada uma semana depois.
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