10/12/2019 às 11h40min - Atualizada em 10/12/2019 às 11h40min

Brasileiro está entre os que mais poupam, mas que menos se preocupam com aposentadoria

- NAIARA BERTÃO
Uma pesquisa feita com 25.743 pessoas de 32 países mostra que os brasileiros estão menos preocupados se terão recursos suficientes na sua aposentadoria. De acordo com o Schroders Global Investor 2019, da gestora de recursos internacional Schroders, no Brasil, apenas 12% dos não aposentados e 20% dos aposentados estão desconfortáveis com a quantia que investem na previdência. A média global é de 24%.
Na comparação entre regiões ao redor do mundo, os investidores na Ásia e na Europa são os mais preocupados por não terem economizado o suficiente, com 26% e 25%, respectivamente. Nas Américas, essa parcela foi de 22%. No Japão, em particular, 53% dos investidores que ainda não se aposentaram estão preocupados, contra 6% na Índia.
Mas, há outro porém. No Brasil, os investidores também estão excessivamente confiantes em relação ao tempo que as suas poupanças irão durar: na média, eles acham que podem retirar 11,8% de suas poupanças por ano sem esgotar seus recursos.
É uma quantia considerada elevada e, segundo a Schroders, indica que as pessoas provavelmente estão subestimando o quanto viverão ou subestimando o quanto seu dinheiro precisa render para arcar com a aposentadoria, ainda mais em um cenário de juros baixos.
A média mundial é de 10,3%, também incompatível com a realidade de poupança previdenciária hoje. Neste quesito, os japoneses são os mais pés-no-chão: acreditam que podem retirar 7,3% em média. Já os indianos são os mais confiantes: acham que podem sacar pelo menos 15% a cada ano.
“Essas descobertas indicam que existe uma incompatibilidade significativa entre o grau de confiança das pessoas com suas economias antes da aposentadoria e a quantia que esperam obter após a aposentadoria”, diz Sangita Chawla, diretora global da Schroders para Investimentos Previdenciários.
Para ela, essa desconexão vai levar muita gente à ilusão de que terão uma vida melhor na velhice do que realmente tem condições para ter.
“No Brasil, com o cenário de redução do patamar de juros reais como o ‘novo normal’, é urgente que o investidor dê ainda mais atenção aos recursos de longo prazo, inclusive à previdência privada, poupando mais e de forma eficiente durante a fase de acumulação, buscando prêmios acima da inflação e com ampla diversificação, e combinando ativos locais e internacionais”, explica Daniel Celano, presidente da Schroders no Brasil.
Brasileiros no Top 10
O estudo indicou que os investidores em todo o mundo estão economizando quantidades razoáveis para aposentadoria. As Américas economizam 14,5%, a Europa, 14,9% e a Ásia, 15,9%.
 
Com relação a países, os austríacos economizam 21,6% e suíços 21,3%, as taxas mais altas da pesquisa (o percentual inclui contribuições previdenciárias das empresas). Por outro lado, os russos economizam 11,1% e espanhóis 11,2%. O Brasil está entre os dez lugares em que os investidores mais poupam para aposentadoria: aqui os brasileiros separam, em média, 16,9% de suas rendas atuais para a previdência. Para a equipe da Schroders, a taxa brasileira seria compatível com um juro real de 3%.
Aqueles brasileiros que classificam seu conhecimento sobre investimentos como "especialista" ou "avançado" também estão poupando mais para a aposentadoria: 18,6%, contra 15,2% dos investidores intermediários e 15% dos iniciantes.
Idade importa
O estudo descobriu ainda que, globalmente, mais de um terço (33%) dos baby-boomers não aposentados (entre 51 e 70 anos) estavam apreensivos com a quantia que estão economizando, em comparação com 20% dos millennials (entre 18 e 37 anos). No Brasil, esses percentuais caem para 22% e 9%, respectivamente.
Na comparação por idade no mundo todo, apesar de estarem mais afastados da aposentadoria, os millennials estavam economizando a maior proporção de sua renda anual, 15,9%, em comparação com 14,7% da geração X (entre 38 e 50 anos) e 13,7% dos baby-boomers. No Brasil, os millennials também estão na linha de frente, com os investidores mais jovens poupando 17,5% de suas rendas, contra 15,7% da geração X e 14,7% dos baby-boomers.
De forma encorajadora, quase todos os investidores não aposentados do mundo (94%) acham que existem fatores que os convenceriam a economizar mais para a aposentadoria. Mais de um terço (34%) disse que informações explicando quanto dinheiro eles precisariam para alcançar o estilo de vida que desejam na aposentadoria os convenceriam a economizar mais para a aposentadoria. No Brasil, o resultado foi de 98% e 37%, respectivamente.
A pesquisa considera pessoas que investirão pelo menos € 10 mil (ou o equivalente) nos próximos 12 meses e que fizeram alterações em seus investimentos nos últimos dez anos.
Globalmente, a Schroders tem sob sua gestão US$ 536 bilhões e, no Brasil, está entre as 20 maiores gestoras independentes do país com aproximadamente R$ 14 bilhões sob gestão em renda variável, renda fixa e multimercados, investimentos no exterior, para clientes institucionais, investidores qualificados e profissionais, bem como recursos de previdência privada.
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