10/12/2019 às 10h53min - Atualizada em 10/12/2019 às 10h53min

Mais de 100 internos passaram pela Comunidade Terapêutica Novo Horizonte em Siqueira Campos durante este ano

Isaele Machado - JCN
JCN
O tratamento contra as drogas não é fácil. Atualmente, cerca de 600 mil pessoas consomem pelo menos um tipo de droga no Brasil. No resto do mundo, esses dados são ainda mais alarmantes: cerca de 15,6 milhões de pessoas são usuárias de drogas. Neste ano, uma pesquisa indicou que 3,5 milhões de pessoas consomem drogas ilícitas só no país. E esses dados só tendem aumentar ao longo dos anos.
Já o álcool mata, todos os anos, 3,3 milhões de pessoas em todo o mundo, número que representa 5,9% das mortes. Os dados, da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostram que o consumo da bebida chegou a 8,9 litros por pessoa no Brasil em 2016, superando a média internacional, que era de 6,4 litros.
Uma saída para desintoxicação e recuperação daqueles dependentes que ainda tem expectativa de vida, esperança de um futuro melhor, são as Comunidades Terapêuticas. Em Siqueira Campos existe a Comunidade Terapêutica Novo Horizonte comandada pelo Pastor Luiz Meira (Igreja do Evangelho Quadrangular),
Na semana passada a equipe de reportagem do JCN visitou a comunidade terapêutica de Siqueira Campos, onde foi possível observar a amplitude do local, o tratamento realizado e o empenho dos internos em se recuperar. A comunidade é mantida através de doações de moradores de Siqueira Campos e região, a prefeitura municipal arca com as contas de água e luz e colaborou cedendo o espaço em que a comunidade está instalada.
Segundo informações além de dependentes de álcool e drogas também são acolhidas pessoas em situação de vulnerabilidade social, moradores de rua e aquelas que foram abandonadas pela família. Um dos trabalhos realizados é a orientação espiritual realizado pela missionária Luciana da cidade de Arapoti.
Cerca de 100 internos passaram pelo local durante este ano, agora há 9 pessoas. De acordo com coordenador e monitor Jarbas Vilas Boas os internos ficam no local até estarem aptos a voltar ao convívio social, a internação é voluntária e fica a cargo do interno permanecer ou não na comunidade.
Todos os dias são realizados cultos, são três horas divididas em estudo bíblico, seis horas de laborterapia (serviço de campo) e duas horas de descanso. Todas as atividades são realizadas pelos internos desde a limpeza da casa, cuidados com a horta, criação e outros. Aos domingos é aberto espaço para visita familiar e cada um realiza suas atividades de lazer
A comunidade recebe pessoas de Siqueira Campos e toda região, de Siqueira Campos há apenas dois internos, os demais são de outras cidades. “Pastores de outras cidades acolhem essas pessoas e enviam para a comunidade”, explicou Jarbas.
Entre os internos está Mateus Eduardo Vidal (22 anos), morador da cidade de Jaboti está há seis meses na comunidade devido ao vício em drogas. “Eu cheguei à conclusão de que precisava de internamento, o tratamento aqui é ótimo, inclusive o trabalho espiritual”, explicou Mateus.
Paulo Aparecido Soares (43 anos) é de Barão de Antonina, está há seis meses internado. “Meu problema era o alcoolismo, sugeriram que eu viesse para cá, todo lugar que eu ia, era abandonado”, disse.
Maycon Felipe José (29) de Salto do Itararé foi internado por alcoolismo, ele foi encaminhado a chácara através da APAE. Para Maycon os irmãos da comunidade são mais que família.
Outro interno é o senhor Juarez Rodrigues Martins (60 anos) morador de Siqueira Campos. “Minha família me trouxe por causa do alcoolismo, para se recuperar tem que se manter forte, ter opinião. A casa é muito especial para nós, comemos e dormimos bem, o pastor Luiz é como nosso pai”, contou Juarez.
Marcos Antônio (24 anos) é de Salto do Itararé, era usuário de drogas. “Percebi que precisava de ajuda quando estava nas últimas, não tinha mais sentido viver como eu estava. Procurei o pastor e vim para cá, quando sair quero arrumar um emprego e começar uma nova vida”, desabafou o jovem.
Ivo da Cunha (51 anos) morador de Tomazina, construtor civil, mas devido ao vício de álcool acabou sendo internado. “Eu quero trabalhar, começar tudo de novo, uma vida digna”, disse.
O espaço foi construído com a ajuda da população, sem nenhum apoio do governo estadual. Segundo o Pastor Luiz Meira (Igreja do Evangelho Quadrangular) que está à frente dos trabalhos, a comunidade ainda está em construção. “Nós aceitamos doações de todo tipo de material de construção, roupas e calçados masculinos, alimentos, entre outros. Nós buscamos ou pode ser entregue na igreja e aqui, nosso telefone é (43) 99902 06 88. Estamos de portas abertas a todos aqueles que realmente necessitam de ajuda”, concluiu.
Segundo o Pastor Luiz constantemente é realizado um trabalho de resgate aos moradores de rua em Siqueira Campos, o grande problema é que a maioria recusa o acolhimento e tratamento, acabam preferindo pedir esmola e permanecer no vício.
NOVOS PROJETOS
Para o próximo ano há previsão de novos projetos que visam incentivar os internos a aprenderem novas profissões para que quando saírem da comunidade tenham oportunidades de emprego. O projeto está em fase de desenvolvimento e certamente estará em prática entre janeiro e fevereiro de 2020.
 
 

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