18/10/2019 às 08h42min - Atualizada em 18/10/2019 às 08h42min

'Tumulto desnecessário' gerado por governo Bolsonaro limitou crescimento em 2019, diz Meirelles

- ISABEL VERSIANI
Henrique Meirelles, secretário de Fazenda do Estado de São Paulo e ex-ministro da Fazenda do governo Michel Temer, disse nesta quarta-feira que ruídos gerados pelo governo do presidente Jair Bolsonaro em torno de questões não econômicas, como as queimadas na Amazônia, contribuíram para limitar o crescimento da economia neste ano.
"Começou a haver muito tumulto desnecessário e isso gerou também uma incerteza desnecessária", afirmou Meirelles ao discursar na segunda edição do Brasil Financial Summit, evento anual realizado pela Refinitiv. "O fato é que o crescimento é menor do que o esperado."
Meirelles citou como exemplos de ruídos provocados pelo governo a "controvérsia extraordinária internacional espetacular" em torno dos incêndios na Amazônia. Também criticou o fato de o governo ter discutido "as qualidades estéticas da mulher do (presidente francês) Emmanuel Macron" em meio a tratativas do acordo do MERCOSUL com a União Europeia.
"Fica difícil", disse o ex-ministro.
Em agosto, Bolsonaro comentou uma publicação de um seguidor em uma rede social na qual apareciam as fotos do presidente francês com sua esposa e de Bolsonaro com a primeira-dama Michele Bolsonaro e o texto "entende agora porque Macron persegue Bolsonaro". A resposta do presidente foi: "Não humilha cara. Kkkkkkk."
Macron classificou a atitude de Bolsonaro de "triste" e disse esperar que rapidamente os brasileiros tenham um presidente que se comporte a altura do cargo.
O embate aconteceu em meio a uma discussão pública entre os dois mandatários em torno da responsabilização pelas queimadas na Amazônia.
Meirelles afirmou que a expectativa de crescimento da economia no ano, no início da administração Bolsonaro, era de 2,5%, e hoje o consenso está em torno de 0,9%, segundo o último relatório Focus do Banco Central.
Além das controvérsias do governo, que, segundo Meirelles, assustaram investidores, também contribuiu para a frustração da projeção um atraso no andamento da reforma da Previdência, disse o ex-ministro.
PREVIDÊNCIA
Meirelles afirmou que cálculos da sua equipe mostram que a aprovação da chamada PEC paralela, Proposta de Emenda à Constituição que permite a incorporação de Estados e municípios à reforma da Previdência, traria uma economia da ordem de 30 bilhões de reais a 34 bilhões de reais em 10 anos ao Estado de São Paulo.
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