10/10/2019 às 10h56min - Atualizada em 10/10/2019 às 10h56min

No 'Popstar', ex-goleiro da Chapecoense teve medo de não voltar a cantar: 'Fiquei 40 dias sem falar'

- MARCELLE CARVALHO
Nesta terceira temporada do “Popstar”, que estreia no dia 27, um dos participantes chama a atenção pelo inusitado: o ex-goleiro Jakson Follmann, sobrevivente da tragédia da Chapecoense, há quase três anos. A pouca intimidade neste campo, porém, não o intimida.
Assim que recebi o convite, aceitei logo, porque gosto de desafios. Minha vida sempre foi feita deles e esse é muito positivo. Confesso que estou ansioso em poder mostrar um pouco desse meu outro lado, porque as pessoas me veem como um cara mais sério, se recuperando. Agora, vou poder levar mensagem na minha música. É uma experiência única — diz, empolgado.
Sempre sorrindo, Follmann, que teve parte de sua perna amputada após o acidente com o voo do time, em novembro de 2016, conta que a música foi importante para sua recuperação.
'Ela (a música) foi fundamental (para recuperação) desde que eu estava em coma. Meus pais e minha mulher sempre colocavam alguma música para me acalmar''Ela (a música) foi fundamental (para recuperação) desde que eu estava em coma.
Ela foi fundamental desde que eu estava em coma. Eu era muito agitado. Meus pais e minha mulher sempre colocavam alguma música para me acalmar — lembra ele, que teve 13 fraturas pelo corpo e ficou 40 dias sem falar: — Tive problema na cervical e a operação foi feita pela frente. Isso fez com que eu ficasse sem falar. Só saia o ar, o que me preocupou bastante. Amo cantar e pensava: será que não vou voltar a cantar?”“. Música me traz uma paz. Fiz muita fono para voltar a falar.
Atualmente, Follmann é embaixador da Chapecoense, ministra palestras e é embaixador do IPO Chapecó (Instituto de Prótese e Órtese).Atualmente, Follmann é embaixador da Chapecoense, ministra palestras e é embaixador do IPO Chapecó (Instituto de Prótese e Órtese).
Agora, o ex-jogador está fazendo sessões de fono para o programa. E se diz pronto para a disputa e as críticas.
Vou procurar me doar ao máximo. A gente sabe que quem está ali (os participantes do reality) não é cantor profissional. Vou levar as críticas para o lado construtivo — garante ele, que tem feito aulas de duas a três vezes na semana.
Atualmente, Follmann é embaixador da Chapecoense, ministra palestras e é embaixador do IPO Chapecó (Instituto de Prótese e Órtese).
Praticamente, meu papel é de relacionamento. Na clínica, tiro dúvidas dos pacientes, acalmo as pessoas e tento mostrar que existe uma vida após a perda de um membro. Eu estou dando seguimento à minha de forma diferente, mas de um jeito prazeroso e que me dá ânimo para seguir em frente — garante: — Estou me reconstruindo. Com tudo o que aconteceu, se eu falar que acordo e durmo sorrindo, estarei mentindo. Sou um ser humano. Choro e acordo, às vezes, ranzinza. Mas procuro levar a vida para frente, sem esquecer o que passou porque faz parte da minha história.
Frieza de goleiro
Quando o assunto é repertório, Follmann faz um pouco de mistério. O que ele avisa é que além do sertanejo, cujas referências são Zezé Di Camargo e Luciano, Leandro e Leonardo, Gusttavo Lima e Guilherme e Santiago, outros estilos estão na sua setlist.
Gosto mesmo é da boa música (risos). Não vou deixar de mostrar canções brasileiras e vou colocar também alguns pagodes. Está bem legal meu repertório — afirma.
E o ofício de ser goleiro, segundo o ex-jogador, vai estar com ele em suas apresentações no reality musical.
Goleiro é frio, porque se errar, é gol. Então, vou procurar levar minha frieza para tentar aplacar o nervosismo. Tudo é muito novo para mim, subir no palco... Acho que a maior dificuldade será minha postura perante as câmeras, como vou me comportar. Conseguir tirar o friozinho na barriga, a insegurança... Mas com tranquilidade a gente tira de letra (risos).
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